A infância em tempos de Coronavírus
Caros (as),
No momento trágico pelo qual passamos, aqueles de nós que já se impuseram o autoisolamento – em cumprimento à recomendação do protocolar distanciamento social – vão se deparando, cotidianamente, com tarefas e dilemas diante de coisas que, na rotina normal, sequer poderiam ser notadas.
Uma vida com táticas e estratégias começa a se impor no sentido de ‘vencer o dia’, dado que, provavelmente, nessa crise sanitária mundial, serão muitos os dias a ficar em casa.
No que diz respeito ao trato com crianças e adolescentes, além da rotina a ser estabelecida e de ideias mirabolantes para fazer o tempo passar, pude perceber algo que inverte a lógica entre pais e filhos: nós nunca, jamais em tempo algum, vivemos essa experiência em nossa infância.
Digo, quando tudo isso passar, as crianças e adolescentes que ora vivem esse drama, essa situação anormal e absurda, terão muito a ensinar às gerações mais novas. Ora, parece uma autêntica inversão, uma ironia, pois estamos a tentar inventar, ensinar, coisas que simplesmente não sabemos como fazer, pois que não vivemos isso na infância.
Naturalmente que nossa prerrogativa de adultos irá orientar a rotina como conhecemos, com horário de refeições, estudos, games, brincadeiras, leitura e tudo o mais que for possível para não enlouquecer – ou, ao menos, para enlouquecermos juntos.
Com tudo isso quero dizer que, mais do que nunca, faz-se necessário ouvir as crianças. Ouvir essas crianças, pois elas estão vivenciando algo inédito em nossas vidas e, fatalmente, a Humanidade não será a mesma após esse expurgo pelo qual estamos passando.
Sempre que tiverem a oportunidade, escutem estes meninos e meninas, espontaneamente, sobre como está sendo este momento da vida – sabemos que ainda não chegamos nos momentos mais duros.
Eles irão inventar um mundo a partir de uma experiência inédita, quando for a hora deles, com essa marca, uma espécie de cicatriz que nós não tivemos lá atrás.
Escutemos uns aos outros,
Aquele abraço, saudações esportivas