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A rua é de quem?!

Caríssimos,
O blog Chutebol traz à tona uma questão muito importante: as crianças não têm mais a rua para brincar. Isto implica em toda uma maneira de viver, de brincar (ou não), de conhecer o mundo e as pessoas. De se fazer sujeito. E não, isso não foi sempre assim. Isso não é dado, mas tornou-se uma imposição em cidades mal planejadas como a nossa. Chega a ser tragicômico, uma cidade como o Rio de Janeiro dispor de cada vez menos espaços lives – e tome de ocupar a agenda infantil, ou de ficar só no condomínio. Isso é muito chato, e trouxemos um textinho que nos faz pensar – esse quadro pode sim ser modificado.
“Não precisávamos das crianças para saber que em nossas cidades há automóveis em demasia. Sabemos disso, conhecemos exatamente os números, os efeitos que produzem sobre a saúde dos cidadãos (ar, ruído, acidentes, falta de exercício físico), sobre a conservação dos monumentos; em âmbito mais geral, contribuem até para a degradação da cidade.
O problema é que, mesmo sabendo disso, não fazemos nada de real, de concreto e radical para que essa situação se modifique em curto prazo. As crianças são práticas. Para elas, brincar é uma necessidade primária, reconhecida pelos estudiosos do desenvolvimento infantil, e também um direito. Para brincar, elas precisam de espaço. Seja dado a elas o espaço do qual necessitam. (…) A doença e a morte chegam amanhã, as urgências que as crianças têm são as de hoje, e hoje elas precisam brincar e, por isso, precisam de espaço e segurança.
É um problema somente das crianças?
(…) Reivindicando o seu direito ao espaço para o jogo, as crianças reivindicam o espaço de todos: de quem vai às compras, de quem lê o jornal, de quem passeia, de quem anda  pé, de bicicleta, de cadeira de rodas. Faz alguns anos, um grupo de crianças convidadas pelo Conselho europeu em Bruxelas fez esta proposta: ‘Nas cidades, as crianças deveriam ter, para brincar, o mesmo espaço que os adultos têm para estacionar os automóveis’.
A proposta de Bruxelas parece apenas uma provocação infantil e, em geral, suscita um sorriso de enfado tolerante por parte dos adultos. No entanto, estaríamos dispostos a levá-la a sério? A levá-la aos vereadores ou a uma sessão da Câmara Municipal e discuti-la? Talvez não se consiga transformá-la em deliberação, assim como está formulada, mas seria importante reconhecer a necessidade real que a promove, assumi-la como objetivo  e começar a encontrar soluções que a levem em conta. 
Em geral, o problema não se coloca, porque parece já resolvido: as crianças ficam em casa ou na escola ou no cursinho da tarde, são acompanhadas pelos pais ou cuidadores e, com isso, não há crianças na rua, não há um pedido de espaço por parte das crianças. Mas se as deixarmos falar, se permitirmos que elas digam ‘chega!‘?”

Como era quando você era criança? Deixe aqui seu comentário!

[Adaptado de ‘Quando as crianças dizem: Agora chega!‘ – Francesco Tonucci, 2005]

This Post Has 8 Comments

  1. Oi, filhão
    Brincar na rua é uma das lembranças mais felizes que se pode ter. Eu brinquei e você também, e isso se torna uma bagagem e tanto de vida.Concordo plenamente com a necessidade de lutarmos pelo espaço das crianças de agora! Beijos, mãe

  2. Na minha rua é uma tristeza que só, moro no centrão de SP, muito perto a um metrô. Os meninos TENTAM jogar bola, que sempre vai para em baixo de um carro. Fora que o jogo nunca flui, interrompido pelos transeuntes alheios às crianças, um inferno! Eu já propus de colocarmos cavaletes ali com os dizeres: "crianças brincando" pra pelo menos ter um pedacinho preservado. Me corta o coração! Parabéns, Rô e Chutebol por abordar um tema tão urgente e agonizante!

  3. Pois é Adriana,
    O que é um pouco desolador é que esse fato ainda não é reconhecido como um problema, como aponta o texto.

    E talvez, uma infância 'como a sua' seja impossível né, porque cada um e cada geração tem a sua, assim me parece… Mas que isso precisa ser revisto, ah precisa!
    Grande abraço

  4. Rodrigo
    Isso realmente me deixa muito triste pois as crianças hoje em dia não pulam mais corda, não brincam mais de amarelinha, de pique bandeira, de pique esconde … essas coisas que eu amava e curti muito na minha infância. A internet, os joguinhos eletrônicos,e outros avanços tecnológicos estão tirando de nossas crianças essa vivência maravilhosa que tivemos. Tento em casa com minha filha de 4 anos ler mais livros, oferecer jogos educativos e o computador ela só usa na escola junto com seus amigos e professora. Quero muito que nossas crianças tenham a infância como a minha e vou procurar fazer o melhor por minha filha.

    Adriana Gabriel mãe de Marina 4 anos

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