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Ainda

Como temos feito ao longo dos anos, na mesma semana em que se comemora o Dia das Crianças e o Dia dos Professores costumamos dedicar algumas palavras a uns e a outros.

Em que pese a proeminência de preocupações pra lá de legítimas (e até notadamente sofisticadas) com a infância e a adolescência nos dias atuais, sobretudo os limites do mundo virtual – ou da falta deles – é curioso notar, na prática docente, a permanência de muitas coisas em meio ao sentimento de caos que, muitas vezes, tem se apresentado.

Por exemplo?

Crianças (alunos e alunas) continuam gostando de contar novidades e mostrar aquilo que sabem aos professores. Assim como professores que se mostram genuinamente curiosos com o mundo pessoal de cada aluno ainda se divertem, se surpreendem e aprendem com aquilo que lhes chega aos ouvidos;

Crianças ainda pedem incontáveis vezes para serem primeiros da fila, ou gostam de serem primeiras a terminar uma tarefa, ou demonstrar que compreenderam e sabem fazer melhor do que outros colegas. Professores que conseguem acolher essa demanda, sem no entanto torná-la imperativa ou agressiva, podem satisfazer um pouco dessa necessidade, até que a própria criança esteja mais segura e esqueça um pouco de si;

Crianças ainda fazem bagunça, e se o/a docente que acompanha a turma não temer um certo caos próprio da infância ele poderá administrá-la e até brincar um pouco com ela – a bagunça – sem deixar por isso de demarcar os limites morais e práticos ao alcance de cada faixa etária. Muitas vezes é no momento da bagunça que alunos e alunas se mostram de modo mais verdadeiro, exibindo seu nível de maturidade para lidar com o coletivo sem a tutela docente;

Crianças ainda brigam e pedem desculpas com sinceridade, se assim forem acostumadas a perceber o sentimento de compaixão que habita dentro de cada um. No caso de crianças muito cruéis (sim, elas existem), que de modo muito rude necessitam impingir alguma dor a outrem para sentir que têm poder, é um recado aos professores para que estes atuem colocando limites com certo rigor, e isso será visto como prova de amor, de que alguém ainda se importa com ele ou ela – desde que o docente, ele mesmo, também não haja com notória crueldade em sua punição;

Por fim, crianças e professores, de todas as idades, ainda esperam receber amor para poder amar: amar o espaço em que convivem, amar de certo modo as pessoas de sua convivência, amar enfim a natureza de sua atividade. Como sabemos, a boa prática pedagógica é, afinal de contas, fundada numa relação amorosa, com toda sorte de afetos (bons e ruins), reações e dúvidas que isso envolve.

Mas, se as coisas correm razoavelmente bem, a via do amor é inescapável – e isso ainda existe.

Saudações esportivas e aquele abraço nas crianças e nos colegas professores

This Post Has 3 Comments

  1. Rodrigo,
    Obrigada pelo cuidado com meu filho.
    Obrigada pelas palavras escritas e faladas que me orientam na tarefa mais difícil do mundo que, pra mim, é educar uma criança.
    Fernando disse que você é o professor preferido dele. Por quê?, perguntei. Ele é calmo e me explica as coisas.

    Parabéns pelo dia do professor e por tudo mais.

    Bjs
    Rosana

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