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Barcelona / Blanes (2)

No relato anterior, a tentativa foi de apresentar a experiência que precede o futebol, dado que ele está iserido, necessariamente, numa cultura mais ampla. No entanto, o futebol também tem um mundo próprio e seus caprichos. Vou tentar descrever aquilo que vi nas quadras da espanha.

Brasil Campeão – equipe Infantil

O evento para o qual fomos convidados a participar chama-se “Top 12 Experience”. Mais simples, Top12. É promovido pela United Futsal Association – USA Futsal. Esta organização norte-americana vem oferecendo a possibilidade de treinamentos específicos para jogadores mirins, em parceria com grandes clubes. O convite para a nossa participação veio através da Federação de Futsal do Rio de Janeiro (FFSERJ), por indicação de profissionais da base do CR Flamengo. Assim, desembarcamos na Espanha – o clube parceiro da vez era o FC Barcelona.

A proposta foi a de treinar, durante uma semana inteira, com profissionais da base do Barça e, ao final, disputar uma competição entre os países envolvidos. Éramos, nos treinamentos: Brasil, Austrália e EUA. Para a competição final, foi convidado um combinado da região de Girona, representando a Espanha. Assim, durante uma semana, a molecada encarou uma dura rotina de 03 sessões de treino por dia (!).

A curtição é levar uma vida realmente de atleta neste período: levantar cedo da cama; tomar café com o grupo no hotel; pegar o ônibus para a Ciutat Esportiva (o incrível centro de esportes da pequena cidade de Blanes); voltar para o hotel, descansar, almoçar. Partir para a segunda sessão, voltar, descansar. Fazer outra refeição e, já de noite, mais uma sessão de treinamentos.

Os papais, mamães e familiares que viajaram para acompanhar tinham uma programação legal, à parte, elaborada pelo evento, com visitas a vinícolas, restaurantes e parques – enquanto os jogadores se aplicavam na quadra. Foram oferecidas ainda, para nosso deleite, duas partidas para assistir: Barcelona 2×1 Valencia, no Camp Nou (pelo campeonato espanhol, com Messi, Iniesta e tudo mais); e Barcelona 1×2 Movistar Inter (jogo sensacional assistido em Zaragoza, pela semifinal da UEFA Champions League de Futsal, com o craque Ricardinho, melhor do mundo atualmente, e outros).

Com o treinador Álvaro Cardoso, em Zaragoza

Voltando às quadras, os treinamentos passados foram proveitosos. Longe de ser algo de outro planeta, o que os espanhóis têm conseguido fazer nos últimos tempos é cultivar uma ideia de jogo, muito bem metodologizada e seguida à risca em suas divisões de base. Os treinadores convidados (eu e meus colegas) ajudavam na execução das propostas, inclusive traduzindo para o próprio idioma se necessário. Aos poucos, a convivência intensa proporcionou, ao menos no meu caso, uma camaradagem legal dentro da quadra, com a delegação de tarefas e trocas de ideias. Gostei de participar, aprender e trocar ideias sobre treinamentos.

A ideia de jogo espanhola (no caso, catalã mesmo) é a conhecida posse de bola e o jogo simples, com dois toques na bola e o essencial – o que eles chamam de busca de linhas de passe. Insisto neste ponto: é algo que sempre fizemos, mas de maneira intuitiva, acreditando que seria algo até mesmo não ensinável. Pois ali a ideia é, exatamente, aguçar no jogador a simplicidade do jogo. Ensinar mesmo, com método. Se o jogador que está com a bola não encontrar um companheiro e um espaço para passá-la, ele errará o passe; ou perderá a bola; ou precisará arriscar o drible, talvez em local não apropriado.

Logo, a intensa movimentação sem a bola e a busca incessante para encontrar espaços por entre os adversários (as linhas de passe) são estimuladas por meio de exercícios diversos, apostando num ponto fundamental: a inteligência do jogador e sua capacidade em tomar decisões. Das menores, aquelas que constroem o jogo, até as decisões fundamentais que decidem uma partida.

O craque Ricardinho em ação

Do ponto de vista do Chutebol, os treinamentos pareceram de nível bem alto. Em especial para nossas categorias mais novas, até 10 anos, preferimos apostar nas atividades lúdicas, e nos treinamentos em que a criança consiga marcar gols, sem insistir demasiadamente nas linhas de passe. Estamos falando de nosso nível escolar, que é diferente do nível de federações.

Para a molecada a partir dos 11 anos, no entanto, as dinâmicas apresentadas pareceram muito proveitosas na construção, execução e ideia de jogo, digo, uma proposta mais alcançável mesmo ao nível escolar. Nesta fase, aqui no Chutebol, trabalhamos com a ideia de aprofundar o conhecimento e a prática do jogo propriamente dito, os alunos mesmo parecem exigir isso. É natural. Deste mix de informações, com certeza retiramos aprendizagens e ideias para adaptar à nossa realidade.

E quando a bola rolou… bem, na competição da categoria Infantil (até 14 anos), fomos muito felizes: sapecamos 6×0 na Austrália; 6×1 nos EUA; e 2×1 na Espanha, num jogo decisivo com ginásio cheio, muita pressão do adversário no final (duas bolas explodiram na nossa trave, aimeudeus!) e… o título!!

Agradeço aqui à meninada boa que pude comandar e também ao treinador e parceiro Álvaro Cardoso, de Belo Horizonte, que levou para Blanes a base da equipe campeã. Foi muito divertido e emocionante participar desta competição internacional.

No fim das contas, é como perguntei a um dos meninos em sua última refeição antes do torneio: “E aí fulano, tá gostando?” E a resposta: “Claro, ué! Pareço jogador de verdade!!”

Aquele abraço, saudações esportivas

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