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Buscando algum sentido

Torcedores (as),
Fui ao Mineirão e presenciei a humilhante derrota da Seleção. De alguma maneira ali, no olho do furacão, quando levamos o terceiro, olhei para o amigo de infância que estava comigo e falei: “Tenho medo é do vexame”. Ele concordou e, gol após gol daquela impiedosa máquina alemã não tínhamos mais dúvidas: estávamos presenciando a História. Os 7 a 1 doeram no peito do menino peladeiro que mora aqui dentro.

[O desespero brasileiro]
Daí que, após escutar, ler e assistir a enxurrada de comentários com que nos assola este insano século XXI, pude perceber como o palavrório geral tenta, mas não consegue, dar conta do que aconteceu. A busca de algum sentido para explicar o que se passou na hecatombe futebolística de ontem é proporcional à falação desenfreada e à necessidade da maioria em cravar opiniões e condenar culpados. Não que não existam responsabilidades (e muitas!), mas momentos assim viram um prato cheio para os profetas do acontecido, os oportunistas de plantão e, claro, para os que não assumem seus erros. Falar de outrem para não falar de si é maneira antiga de se eximir. 
Seguindo esse caminho, o texto mais lúcido que encontrei vem de jornalista antigo que respeito, o veterano João Máximo, que reproduzo a seguir para me ajudar a encontrar palavras, não razões definitivas. Pensar dá muito mais trabalho do que simplesmente escolher um lado ‘bom’ e outro ‘mau’:
“Depois do quarto gol, a imagem do menino chorando me fez pensar no que eu lhe diria se fosse seu pai. Até agora, não sei. A ausência de Neymar? Não justifica. A defesa sentiu falta de Thiago Silva? Não explica. Não temos meio-campo? Conversa de prancheteiro. Fomos vencidos pelo emocional? Bobagem. Dizer que o futebol brasileiro há tempos perdeu aquela aura que o fazia diferente e melhor que os outros seria roubar do menino a esperança de que ainda poderemos ser campeões do mundo. (…) Também não lhe apontaria culpados, o técnico, os jogadores, nós mesmos, que vimos a Seleção jogar mediocremente nas oitavas e nas quartas e ainda acreditamos que pudesse descobrir-se diante da demolidora equipe alemã. Não vi mais o menino após a goleada ganhar proporções assustadoras. Mas seu choro foi o choro de um Brasil que, como o 7 a 1, não se explica.”

E por que tal declaração foi a única que de verdade me ajudou a elaborar a dor da derrota? Porque ela deixa espaço para o sem sentido. É próprio do momento traumático (como foi ontem, esportivamente falando) aquilo que é imprevisível: destrói as barreiras do imaginário, do esperado, da dor contornável. Ficar tentando tapar isso com lógicas prontas de causa e efeito (e como o futebol é alheio a isso!) me parece infantil. Ao contrário, ao assumirmos a presença do imponderável, daquilo que nos faz ficar sem palavras, talvez faça com que tenhamos mais recursos para juntar os cacos. Nos deixa as veias abertas para correr sangue novo. Dizer que previu uma goleada deste porte é no mínimo desonestidade intelectual. O ‘Eu falei, eu falei!’ é realmente uma coisa irritante.
O que não impede que tenhamos traços do acontecido. Deixo aqui claro meu ponto: o que aconteceu me parece uma mistura de um castigo a um futebol limitado, somado a um dia atípico não raro no futebol. Esta Alemanha é um timaço, mas empatou com Gana e Argélia, por exemplo. Esse Brasil é de longe um dos times mais fracos que já vi em copas – o que também não invalidava nossas esperanças de que a sorte sorrisse pra nós. Lembro que ficamos órfãos de uma geração: Adriano, Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Robinho poderiam perfeitamente estar em campo ainda – mas se perderam pelo caminho. Nosso time é fraco, muito novo, irregular.

 Se não me engano foi Neném Prancha quem disse: “Futebol é simples: quem tem a bola, ataca. Quem não tem, defende.” Daí que, desde 1994 temos montado equipes competitivas. Aprendemos sobre a importância de uma solidez defensiva que nos faltava constantemente em competições de alto nível. Em 20 anos, chegamos a três finais de Copa do Mundo – e vencemos duas. Não creio que isso possa ser condenável. Não posso condenar Parreira e Felipão. Posso criticá-los, não crucificá-los.

O que deve ser repensado é, na verdade, a nossa falta de talentos, de meio-campistas e atacantes que, dizia-se, dava em árvores por estas terras. Deve ser criticado e repensado o limite do pragmatismo, do futebol de resultados. Deve-se refletir, por que, afinal, nossas categorias de base estão repletas de treinadores que trabalham de olho no resultado, ao invés de se preocupar em formar jogadores de qualidade? Os dirigentes não respondem por isso? 
E, last but not least: quem pensa o futebol no Brasil? O que faz a CBF, além de ficar cada vez mais rica? O futebol, como símbolo de potência nacional, não merecia algo como uma política pública? Isso não começaria nas escolas, com Educação Física decente – além, é óbvio, de espaços públicos para os campinhos e quadras de pelada que simplesmente desapareceram das cidades? 
Afinal, o que se espera de um jogador de futebol no Brasil? Talvez esta seja uma pergunta que, ao construir a resposta aos poucos, nos dê um sentido maior para elaborar o nocaute de ontem.
Um abraço doído, saudações esportivas

This Post Has 34 Comments

  1. Caro Milho,

    Acho muito rica tua escrita filosófica e respaldo a tese destes 7 a 1 como algo, além do imponderável, que vai dizer do nosso país enquanto metáfora de uma civilização maltratada.

    Você e Paulinho falam disso muito melhor do que eu.

    Você deveria comparecer mais por aqui.

    Grande abraço!

  2. Show Biga. Disse tudo. Parabéns. Esse vazio, esse inexplicável, são modos de se referir ao que é novo, ao que vem inesperado, realizando uma possibilidade não pensada. Partindo disso, tenho duas coisas a dizer, e uma última que é um desabafo. Primeira: o esporte é dinâmico, as novidades, os imprevistos, os inexplicáveis, vão acontecendo ao longo do desenrolar do tempo de partida. Assim sendo, depois do 2 a 0 em poucos minutos, deveríamos ter intuído (estou me forçando como membro da comissão técnica!) a possibilidade do vexame e lançado mão de algum artifício, embrulhado o jogo, compactado o meio, trocado Fred por Hernanes e Bernard por Ramires e congestionado o meio de campo e a entrada da nossa área, apostado no contra ataque, Ramires é bom nisso, Oscar e Hulk também, não sei irmão, feito alguma coisa, pensado como no boxe e nas lutas de modo geral, se o teu adversário é muito superior ou se você toma uma porrada forte vale você embrulhar a luta, mantê-lo preso, mantê-lo perto, tão perto que não haja distância para aceleração. Não fizemos isso, intuímos, como você na arquibancada, o vexame, e continuamos tocando bola e trocando jogo. Liga nisso nas tuas equipes. Segunda coisa: indo embora no inexplicável, a Copa inteira foi uma desnaturalização do espírito do futebol no Brasil, esporte popular, feito pelo povo e para o povo. Peões construíram os estádios, que aliás ficaram belíssimos, o trabalho foi excelente, e sequer foram convidados a assistir a uma partida que fosse da Copa. O povo ficou meio de lado na participação, vendo aos jogos nas suas cidades como algo longínquo, pela tv, por telões de led como disse nosso Pow. Isso não se faz, brother, e pegando o gancho do amigo que comentou antes aqui, os deuses se desagradaram. Porra Biga, se cerveja é proibida nos estádios quando é o povo quem vai assistir ao espetáculo, como se libera o consumo na Copa? Isso, e outras coisas, o preço do ingresso, a forma de compra somente via internet com cartão, a organização do trânsito, são claras demonstrações de que a massa, donde vem nossos jogadores, nunca mereceu benefícios e foi forçada a participar a distância. 7 a 1 foi pouco perto de tanto desagradecimento. E por último, gostaria de ver a nós e todos aí que choramos pela derrota o mesmo choro frente a outras derrotas, sociais, existenciais, de políticas públicas, de decisões horríveis. Gostaria de ver um choro na cara desse pessoal (por que eu choro, irmão, não aceito isso sem muita dor) a cada crackudo que cruzasse seus caminhos, a cada professor reclamando que ganha 2.500 reais por 40 horas de trabalho, a cada médico que reclama, a cada pai que sai de casa e deixa seu filho sem sua proteção contra a tirania da mãe, que por si só pena para criá-lo, a cada prova de corrupção de uma autoridade, a cada absurdo que não está no símbolo maravilhoso e fantástico do esporte, mas no jogo que todos jogamos. Enquanto não passarmos da emoção do simbolismo para a emoção da dureza da vida "real" nesses aspectos tristes e insanos que nos cercam como sombras, nossa seleção estará autorizada "pelos deuses", senhores de todas as coisas, a perder e perder e perder cada vez mais feio até que todos aqui ofereçam de novo aos nossos jogadores, o povo, algo para que tenham orgulho de defender o país e oferecer em troca a vitória!

  3. Rodrigo, aquilo não me pareceu uma "pane" como muitos comentaram, mas um momento de pânico, anterior a sua elaboração enquanto trauma, como postulou o nosso velho e gênio Freud.
    Você concordaria?
    Sendo assim, fomos mesmo jogados no não sentido em sua mais pura força…
    Como não podemos viver nesse deserto, seu texto sensível, inteligente e com a sabedoria única de um grande educador, profundo conhecedor do futebol e sua extrema capacidade de elaboração subjetiva nos traz algum alento. Me impressionou e mostrou como é mais pelos fracassos do que pelos sucessos que se pode andar pra frente, a depender de quem o interpreta.
    Faço coro com os pais que estão felizes e aliviados de terem escolhido sua escolhinha de futebol para colocar seus filhos. Desde pequenos aprendendo a lidar com a perda e nem por isso se resignar a ela.
    Assim, contribuímos para a mudança que queremos ver no mundo!!
    Parabéns, você é mesmo muito especial!!
    Bjos, Mariana Mollica

  4. Adorei!! Muito mais lúcido e com um olhar pra frente do que tanta coisa que tenho lido desde terça-feira… tenho até evitado pra não me irritar mais!! E cheio de estilo, você. Deveria escrever para jornal

  5. Boa Biga, maneirão! Agora vamos evoluir naquele assunto que você falou das novas regras em campeonatos da base! Agora, o que não dá pra aturar é aquela entrevista coletiva bisonha…

  6. "… doeram no peito do menino peladeiro que mora aqui dentro." Tomo para mim essa frase.

    Final de 98 foi ruim, mas menos ruim. O Roberto Meião Carlos e o balãozinho que o Fenômeno levou do Zidane em 2006 eu já achava humilhante.

    A dor de anteontem é diferente da que senti em 82, quando tínhamos o melhor futebol e perdemos, só que de cabeça em pé. Ou melhor, com cabeça.

    Sorte a minha que estive no Mineirão nas oitavas, junto com o JAntônio ao invés de 3a feira. Quase infartamos, mas saímos felizes depois dos pênaltis. Se fôssemos na semi eu ia querer morrer ao invés de vê-lo, com a mesma idade que eu tinha em 82, tão novo, se sentir humilhado dentro do estádio… Ainda bem que você, que estava lá, busca o equilíbrio, o pensamento, a reflexão.

    Entre outras coisas, falta para a seleção mais proximidade com a academia, com os estudos sobre os esportes, sobretudo sobre futebol e sobre comportamento de atletas nesse nosso mundo midiático. Os tempos são outros, e seguem mudando numa velocidade avassaladora, assim como o placar final da partida, que foi até pouco.

    Vou ler o texto que você indicou, mas ler o seu texto já me confortou, de alguma forma, meu amigo.

    Vamos nos falando e seguir com essa ajuda mútua.

    Ah, tenho ingresso para a final com o meu pai. Aí já é outra história…

    Um abração
    Maurício

  7. Muito bom, Rodrigo. Você realemnte expressou o que nós sentimos. O mais difícil foi realmente conversar com o Pedro depois do jogo. ele sofreu muito, mas não deixou de acreditar até o último segundo. Um beijo,

  8. Oi Rodrigo , que bom que meu filho faz futebol com vcs ! Com este cuidado reflexivo , podendo abracar o tempo das digestoes , sem tantos julgamentos e acusacoes , entendendo que na Vida nao cabe respostas imediatas ,que elas vao se mostrando tambem nos ''entres'' , nos espacos de Respirar .
    Acho que vc pode ajudar as criancas abrindo espaco para falas e trocas , pois a tristeza ainda paira aqui ,no coracao do meu moleque , que no auge da sua paixao pelo futebol , assiste seu Pais tomar uma goleada , em seu pp territorio , acabando com sonhos e alegria de torcer e apreciar um belo jogo esperado .
    Falo por meu filho , que tentava me fazer compreender sua indignacao , usando o ludico na noite do fiasco, jogando playstation(Fifa 14) , armando um jogo contra Alemanha e Brasil ,( o placar de 5xO Brasil .)''
    '' Mae , vem ver meu jogo , vou dar uma lavada na Alemanha '', mas ja em prantos , sentido , emocionado e inconformado. Haja <3 !
    Uma poesia Do Drummond , me ajudou a faze-lo , mesmo podendo dar espaco para sua tristeza , a refletir e respirar melhor ,,, tempo …
    Foi bonito poder abraca-lo e sentir junto sua tristeza , carregada de lagrimas e
    pedido de ajuda .
    Falamos sobre politica , esporte , saude , educacao , amor , alegrias ,,, e do Jogo da Vida , de todos os dias . De nossas frustracoes , de nosso Pais , e dele ser uma crianca , que ainda vai ver muitas mudancas e apreciar muito futebol pela frente .
    Eh ,,, o dia seguinte foi frio e silencioso …
    Vamos BRASIL !

  9. Oi Rodrigo,
    Você, definitivamente, não merecia estar lá e assistir ao vivo o espetáculo.
    Continue investindo no futebol e proporcionando aos pequenos a oportunidade de se apaixonar por ele!
    Abração da
    Aline

  10. Oi Rodrigo,

    Adorei receber o seu e-mail.

    Parabéns pela redação do texto!
    Expressa com muita clareza e realismo o que aconteceu com o futebol brasileiro nos últimos tempos.

    Fico muito orgulhosa do Diogo ter sido seu aluno por quase onze anos.
    Com certeza, a sua orientação e os seus princípios formaram um indivíduo que pratica esporte de forma saudável.
    Joga futebol com os amigos preocupando-se sempre com o grupo. Sabe ganhar e sabe perder.
    E essas lições servem para a vida e para as relações humanas…

    Só para te contar sobre Itaipava…
    Recentemente, o Diogo foi convidado para um jogo no time de adultos no novo campão de grama.
    Marcou um gol e o time adorou!!!!!!
    Mais tarde, encontrei com vizinhos do time.
    Recebi inúmeros elogios não só pelo gol, mas principalmente pela conduta em campo.
    E a segunda parte do elogio é de extrema importância!
    Fico eternamente agradecida pelos seus ensinamentos que fizeram parte desta formação.

    Bjs

    Malu

  11. Caro Paulinho,

    Interessante como, mesmo sem conversarmos, convergimos para a questão do sem sentido. M agrada no teu texto a analogia com o que vivemos hoje, dos LEDs aos projetos coletivos.

    Discordo apenas do jogo Santos x Barcelona, que foi um baile e demonstrou a superioridade catalã – mas um 4×0 é algo concebível numa partida de futebol. A elasticidade do placar de 7×1, nesse caso, é fator de relevância traumática, pelo ineditismo da coisa.

    Grande abraço!

  12. Do amigo Paulo da Costa, no blog da Piauí:

    Ninguém poderá dizer que foi apenas um jogo de futebol. Ninguém conseguirá oferecer uma explicação inteiramente satisfatória. A dimensão épica do placar fez com que a partida contra a Alemanha fosse deslocada para o terreno do mito. Ela terá ressonâncias profundas sobre nosso imaginário coletivo. Durante um lapso de tempo, abriu-se uma cratera no chão e o Brasil foi tragado para dentro da terra. Parou de existir. Já não fazia qualquer sentido palavras como samba, ginga, jeitinho, magia, alegria, seleção, povo. Grandes vultos nacionais tiveram também suas realidades temporariamente suspensas: não havia Pelé, nem Garrincha, nem Romário, nem Carmen Miranda, nem Tom Jobim. Não havia mais Pedr’Álvares, Dom João VI, Vargas, nem os militares, toda a nossa mitologia sendo reduzida a um átimo de pó.

    Restava um território amorfo, sem história, mal ajambrado e perplexo. Ninguém mais entendia o que aquelas pessoas estavam fazendo, reunidas ali, com seus celulares em punho, sob imensos telões de LED e enjoativos painéis publicitários. Quase pude ver os alemães pararem de jogar, o jogo sendo interrompido, no momento do 5×0, por uma brutal falta de sentido, e tivesse isso realmente acontecido, ninguém teria estranhado. Sequer houve emoção – desconfio, com impulso de insanidade, que sequer houve derrota. O Brasil morreu sem agonizar, como se tivesse sido surpreendido por um infarto fulminante enquanto dormia. Houve um efeito de anacronismo parecido com o que vi na partida entre Santos e Barcelona: a Alemanha parecia uma equipe vinda do futuro, e o Brasil, um pesado e decadente time do passado – e o destino poupou Neymar de mais esse vexame. Culpar alguém pelo jogo de ontem seria como apontar os autores de um terremoto, de um desastre absolutamente anônimo, de dimensões não-humanas.

    Foi importante que a derrota tenha sido aplicada pela distante Alemanha, um país que expressa, talvez melhor do que nenhum outro, a necessidade de conceber projetos coletivos e de realizá-los com seriedade. Tenho medo que uma dose exagerada de humor e de auto-ironia, junto com a incessante demanda por novos espetáculos, nos desvie muito rapidamente das possibilidades de reflexão que esse momento único proporcionou. Nossas entranhas estão expostas; é hora de encará-las. A transcendental derrota para a Alemanha representa o fim de uma Era. Com ela, saímos (semi) finalmente do século XX – com todos os mitos que lhe são caros. É significativo que tenha coincidido com o fim do período de euforia e bonança que marcou as duas últimas décadas, com o enfraquecimento da sensação de que o Brasil poderia ir na contramão do mundo, driblando feliz como um Neymar as adversidades de um Ocidente em profunda crise. Fomos arremessados para fora do sonho. Não vai ser na base do jeitinho; nem da simpatia ou da pura motivação. Não somos nem mais nem menos especiais do que qualquer outro povo. Temos uma chance única de remodelar nossa imagem, de reavaliar nosso lugar no mundo e calibrar nossas expectativas.

  13. Caro Ricardo e demais torcedores como eu: acho muito bom podermos, juntos, tentar elaborar tamanha ofensa à História da Seleção. Acredito que quanto mais pudermos pensar, de verdade, o futebol, tanto mais caminharemos. Ricardo, permita-me apenas discordar quanto ao 'novo': não me referia apenas à média de idade, mas sim ao fato de ser uma equipe que joga junta há pouco tempo. Essa Alemanha está madura para ser campeã, visto que começou a ser formada em 2006. Um abraço!

  14. Vivemos um vazio avassalador. Os deuses do futebol estavam brigados com a gente . Vida que segue , como a nossa paixão pelo futebol ! Parabéns pelo texto!

  15. Bom, Rodrigo. Embora eu não concorde com alguns dos argumentos de nosso mestre João Máximo tais como "nosso time é novo". A média de idade do time brasileiro é de 26,8 anos. Em sua maioria, os jogadores atuam nos clubes de ponta da Europa. Já disputaram finais e jogos decisivos. O que falta é qualidade mesmo e isso, concordo, se cria na base. Colo abaixo o texto que publiquei no FB, apenas como contribuição à cura deste doído coração de torcedor. O que dói mais é a vergonha de assumir o vexame. abs, Ricardo.
    ——-
    Para um time que nunca chegou a convencer, a tragédia do Mineirão parecia anunciada. Nós é que teimosamente nos recusávamos a acreditar que ela aconteceria numa Copa disputada em casa. Apegados à tradição, ignoramos os sinais – a péssimas atuações diante de Sérvia e Panamá, lembram-se?, foram encaradas como tropeços normais da "fase de treinos" – aliás,que treinos? Conta-se nos dedos os dias de treinos efetivos da seleção no período da Copa. Contra a Croácia, a amedrontada Croácia, ajuda do árbitro e sufoco para vencer a tensão e a já evidente falta de sistema de jogo. No empate com o México, muita luta para sustentar a pressão de um time mediano. Camarões… bem, os camarões estavam fritos bem antes de serem devorados no fogo lento. O Chile, velho freguês, só não nos tirou da Copa porque o travessão e Julio Cesar operaram milagres. A Colômbia, outra freguesa, parecia apavorada. Quando caiu na real, já era tarde. E aí apareceu um time de futebol, uma equipe bem treinada, entrosada, talentosa – um teste de verdade. E foi o que se viu. O maior vexame em 100 anos de seleção. A suprema humilhação. Mas o pior cego é aquele que não quer enxergar nem quando lhe devolvem a visão. O cego que assume culpa sem derramar uma lágrima. Que troca a palavra vergonha por "resultado negativo". Que não altera a voz, acha que gritar "não adianta" é orientação à beira do gramado. Pior cego é o que recorre a chavões para explicar o que nem precisa mais de explicação de tão cristalino – sua própria incompetência para enxergar o óbvio.

  16. PARABÉNS RODRIGO PELAS SÁBIAS PALAVRAS. PLAGIARAM MINHA ALMA.

    Tentei encontrar palavras para elaborar o nosso "campo de concentração" nas mãos da Alemanha…
    No seu texto, encontrei o conforto a um coração brasileiro que já presenciou belos dribles independente do resultado final, pois ganhar ou perder sempre foram dois desfechos esperados.
    Mas desde o início, uma derrota em cada passe, foi um massacre inédito para nosso futebol. Prefiro ficar longe das explicações racionais e me refugiar nas escritas com o "músculo cardíaco" (expressão de um colega meu escrita em um texto foulcaultiano)

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