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Copa Futsal 2015: Resultados das Finais

Caríssimos,
O futebol não é um jogo qualquer. Não é à toa que bilhões de pessoas, mundo afora, se identificam com a montanha-russa emocional que este esporte proporciona. A metáfora futebolística da vida varia dos requintes mais sublimes aos acontecimentos mais impiedosos. Talvez, por isso mesmo, seu potencial para a educação é avassalador, na medida em que, por meio do simbolismo do jogo, convoca todos os envolvidos a tomarem sua parte – simbolicamente – na dimensão trágica da vida, quando assim exigido. Se carreguei na dramaticidade desta introdução é porque todos ali (pais, alunos e professores) vivemos tudo muito intensamente e, nestas horas, pouco importa se quem está jogando é o Flamengo, o Barcelona ou o… Chutebol! Tudo isso pra dizer que, para nós, o último domingo foi tão belo quanto dolorido… ui! 
[Bósnia: Vice-Campeã com valentia]
Seguem abaixo os resultados das finais da Copa do Mundo de Futsal 2015:
Categoria sub-12:
Semifinal 1: Argentina 1×0 EUA.
Semifinal 2: Costa Rica 2×2 Paraguai (3×4 nos pênaltis)
Final: Argentina [Vice-Campeã] 1×5 Paraguai [Campeão]
Categoria sub-10:
Semifinal 2: Bósnia 3×1 Holanda.
Final: Bósnia [Vice-Campeã] 2×3 França [Campeã].

***

> Comentários

Argentina 1×0 EUA: A equipe da Argentina entrou como favorita na disputa, pela campanha superior realizada na primeira fase – além de contar com jogadores que haviam vencido a competição por dois anos seguidos. Os EUA vinham de uma classificação chorada, conquistada ao apagar das luzes, e sem o craque Pedro Igreja. Mas o que se viu em quadra passou longe de um jogo de gato e rato: vimos a Argentina procurando se impor e fazer o seu jogo, inclusive com um chutaço de Tom, que fez tremer o travessão logo no início. Mas a graça do futebol é essa: os EUA não se intimidaram e, aos poucos, foram encaixando seu jogo e sustentando com muita valentia a proposta treinada, de marcação meia-quadra e contragolpes rápidos. Contando com ótima movimentação de Rafinha, Josué e Fafá, além dos chutes de João Pedro, o time equilibrou a partida, chegando a jogar melhor em alguns momentos. O gol da Argentina saiu numa ótima jogada de escanteio, ensaiada pelo treinador Tiago Rigaud: movimentação de Pedro Henrique e Guilherme Burity, e daí para as redes! Daí até o final da partida, muito equilíbrio e entrega de ambas as partes, mas no final a Argentina, com merecimento, passou à grande decisão. Os EUA se despediram, com toda certeza, com o orgulho e a sensação do dever cumprido – de jogar no limite. 

[EUA: No limite]

Costa Rica 2×2 Paraguai: É estranho, mas é verdade: em todos os comentários aqui no blog, inclusive neste, não me foi dada a chance de escrever sobre uma única derrota da Costa Rica. Porque, simplesmente, não aconteceu. Fomos eliminados nos pênaltis, numa destas decisões que deixam a gente um pouco abobalhados ao final. A Costa Rica apresentou, da maneira como entendo, a defesa mais sólida da competição. Levou apenas 03 gols em 05 partidas. Um deles, imperdoável. Se fosse por mim, perdoava; mas os deuses do futebol, não. Explico: o Paraguai abriu o marcador no início, com cabeçada do craque Felipe Menezes em lance de desatenção geral. A Costa Rica cambaleou mas, aos poucos, foi reencontrando seu melhor jogo e, ainda no final do primeiro tempo, empatou em mais uma conclusão primorosa, com a frieza necessária, de Bento Lima. O segundo tempo seguiu equilibrado, o adversário mandou uma bola na trave – mas seguimos fazendo o nosso jogo (o goleirão Lucas Moreira cumpria com firmeza seu papel), até que Bento novamente acertou um chute milimétrico: 2×1 e festa no ginásio! 

Mas… o Paraguai não se entregava e Câncio, que fez ótima partida, matou no peito com categoria e explodiu nosso travessão. Foi aí que, a meu ver, cometemos pecado mortal: no lugar de manter a proposta de ‘entregar’ a bola para o adversário e marcar atrás da linha média, fomos sair jogando na hora errada, desequilibrados; Felipe Menezes roubou a bola pela esquerda, a equipe saiu toda em cima dele – aí surge o passe para a segunda trave e novamente Câncio aparece, desta vez para empurrar para as redes e decretar a decisão por penalidades.

[Costa Rica: invicta, mas fora da final]

E aí… é aquele misto de competência, talento, sangue frio, sorte… não consigo enxergar uma decisão por pênaltis sem todos estes componentes. O fato é que o Paraguai venceu e, com méritos, partiu para a disputa da grande final contra a Argentina.


Argentina 1×5 Paraguai:

Estranho, este esporte. Não havia como prever um placar assim, numa disputa entre dois times tão parelhos em final de campeonato. A Argentina tinha em suas maiores qualidades a consistência e um padrão de jogo invejáveis – aliando força para defender e velocidade para ir ao ataque. Normalmente é um time que corre poucos riscos. O Paraguai, a meu ver, não apresentava tanto padrão, mas contava com uma equipe mais leve e habilidosa – com um jogador acima da média: Felipe Menezes, que simplesmente desencantou na final. Contou, além disso com coadjuvantes que deram o suporte necessário para os gols acontecerem. E foram acontecendo, um após o outro. Quando demos conta, já estava 3×0 no placar. 

Mas nós temos um combinado: ganhando de três ou perdendo de três, temos o compromisso de, como dizemos, ‘jogar até o final‘. Isso é quase um mantra no Chutebol, pois é o que dá a sensação de dignidade na partida. E assim fez a Argentina: passado o susto, voltou à carga, fez 3×1 e endureceu o jogo. Levamos o quarto, tivemos uma chance incrível para fazer o segundo e tentar alguma coisa no desespero mas, com o time todo lançado ao ataque, sobraram espaços na defesa que o Paraguai não perdoou: marcou o derradeiro e, com toda justiça, festejou o título da Copinha. À Argentina, Vice-Campeã, coube um dos ensinamentos mais duros do futebol: uma queda acentuada, um tombo, de uma equipe acostumada a ser campeã poder levar uma goleada, numa final. Mas estamos, todos, muito orgulhosos da campanha dessa molecada – todos muito comprometidos e solidários. 

[Argentina: Vice-campeã com ótima campanha. Paraguai, do prof. Airton: campeão incontestável]


Bósnia 3×1 Holanda:
Este jogo tinha um ingrediente especial: o adversário havia nos vencido, na fase de classificação, por 4×1. Ainda estávamos acertando a equipe, cometemos algumas falhas bobas no primeiro jogo. No entanto, no decorrer do torneio, a Bósnia foi encorpando, vencendo as partidas, ganhando confiança. Sabíamos que a Holanda era mais habilidosa do que nós, então resolvemos apostar numa forte marcação a partir da linha do meio da quadra – e deu certo! A cada bola roubada, a cada disputa que nos impúnhamos, crescíamos na partida. Foi assim que abrimos 2×0, com gols de Pedro Pereira e João Victor. O jogo ficou neste tom, e pude perceber uma certa incredulidade da equipe adversária, talvez não contando com essa surpresa de uma Bósnia tão compacta e determinada. No segundo tempo levamos um gol (o time deles era muito bom mesmo) mas, ao final, fechamos o placar e, merecidamente, passamos às finais. Foi uma bela exibição, individual e coletiva!

Bósnia 2×3 França:
Então chegamos à final. Literalmente: seria a última partida de toda a competição neste ano. O adversário era simplesmente uma máquina de fazer gols: tinha feito 21 nas cinco partidas anteriores. Qual seria nossa estratégia? A mesma da semi – e estava dando tudo certo! Novamente abrimos 2×0. Novamente, contamos com a sorte e com belas defesas de Antonio Lacombe. Novamente a defesa se portava compacta; Diogo Mattos levava o time à frente, Felipe Miranda e Felipe Ripper ganhavam as divididas, a atuação individual e coletiva nos enchia os olhos! Faltavam menos de cinco minutos para o fim da partida – e vencíamos aquela máquina de fazer gols por dois a zero. Mas aí… aí… aí pra mim aconteceu de tudo um pouco: a França fez, simplesmente, três gols em menos de dois minutos e virou. Ninguém entendeu nada. O treinador tentou segurar as pontas. Os jogadores, sem entender o que estava se passando, também. Não se entregaram. 

Mas o que aconteceu? Consigo pensar em algumas coisas: a França passou a acertar, como um relâmpago, tudo o que não estava acertando; a Bósnia, após sofrer o primeiro gol, não suportou a pressão adversária; um pouco de sorte resolveu soprar para o outro lado… Mas nada disso me convencia. Ao final da partida, me dei conta: os jogadores estavam extenuados. Haviam acabado de jogar uma semifinal, da mesma maneira: correndo atrás do adversário. Este é um risco das equipes que jogam com marcação intensa. Não respiram. É uma entrega total para ter sucesso. E assim fizeram. E assim, estava dando certo. Da maneira como vejo, a equipe cansou. Não tinha mais pernas, e foi fatal: todos os gols que levamos, naquele flash temporal, foram de fora da área, justamente na zona intermediária de nossa quadra, no único e pequeníssimo espaço que oferecíamos entre a defesa e o ataque de nosso time. Ali, daquela região, quando faltou um décimo de segundo para o pé de nossos defensores disputar a bola, eles simplesmente acertaram três (!) chutaços no pé da trave! Que fazer? Finda a partida, França campeã. Bósnia, Vice-Campeã. Foi justo?

***

Não trabalhamos com a ideia de justiça em futebol. Como na vida, pode-se rogar aos santos ou ao vazio da existência, mas o fato é que cabe de tudo neste esporte, e justamente daí decorre sua paixão. Seria injusto dizer que a França não mereceu a conquista, como teria sido justo se nós tivéssemos vencido. Restou uma resignação altiva, expressa na resposta – e nos semblantes – dos jogadores, ao final da partida, após a pergunta do treinador: “Vocês estão orgulhosos do que fizeram? Estão, honestamente, com a sensação do dever cumprido?” A resposta foi um sim em uníssono, ao mesmo tempo firme e sereno; triste, porém sereno.
E, desta vez, para nós, foi isso o que ficou. Vejam só, não é pouca coisa. Se realmente pretendemos fazer do esporte elemento de educação e de sentido na vida destes jovens e destas crianças, o que pode ser mais efetivo do que a honesta sensação do dever cumprido; a capacidade de se integrar afetivamente a uma equipe, a um projeto; a solidariedade em correr pelo outro; e, como insistimos, a disposição em jogar até o final, qualquer que seja o resultado dentro de quadra? Poucas coisas me soam tão importantes, moral, afetiva e socialmente falando. “Dei o melhor de mim” é elemento fundamental para as conquistas pessoais.
Agradecemos uma vez mais às famílias pelo suporte e pela torcida (e que torcida!) de todos os times, durante toda esta bela campanha. As lágrimas dos nossos craques, fruto de seu esforço e dedicação, foram decorrência natural das gotas de suor; apenas, por caprichos aqui e acolá, elas (as gotas) insistiram em se mostrar, também, pelos olhos.
Mas a gente também sorriu – e ainda há de sorrir, e muito!

Aquele abraço, saudações esportivas

This Post Has 11 Comments

  1. Abraços e parabéns novamente pelo torneio desse ano. Todos os times do Militar que vi jogando estavam muito bem distribuídos e contando com a participação de todos os meninos.

    Legal cara e vamos em frente…

  2. Só sei que emoções eu vivi!!! E muitas!!! Claro que a expectativa é pela vitória. A frustração imediata e a "dor" pela expressão dos nossos meninos é grande. Depois, como ouvimos por aqui, é vida que segue. E segue bem, todos prontos e dispostos para o próximo desafio!!
    Parabéns mais uma vez para essa garotada que veste e sua a camisa com garra e orgulho, e a equipe do chutebol que com maestria, dedicação e carinho caminha lado a lado destes meninos acolhendo as dores das derrotas mas não sem apontar para os ganhos das mesmas!!
    Mais uma vez valeu!!!
    Andréa mãe do Heitor

  3. Só sei que emoções eu vivi!!! E muitas!!! Claro que a expectativa é pela vitória. A frustração imediata e a "dor" pela expressão dos nossos meninos é grande. Depois, como ouvimos por aqui, é vida que segue. E segue bem, todos prontos e dispostos para o próximo desafio!!
    Parabéns mais uma vez para essa garotada que veste e sua a camisa com garra e orgulho, e a equipe do chutebol que com maestria, dedicação e carinho caminha lado a lado destes meninos acolhendo as dores das derrotas mas não sem apontar para os ganhos das mesmas!!
    Mais uma vez valeu!!!
    Andréa mãe do Heitor

  4. Caro Rodrigo,

    Chegamos ao fim de mais um ano, obrigado pelo seu empenho, profissionalismo e acima de tudo, sensibilidade. O seu blog é sempre uma fonte de boas vibrações, questionamentos e ensinamentos para todos.

    Espero que a gente siga em frente ano que vem com todo gás.

    Forte abraço!

    JB

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