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De Terceira

Prezados (as),
Não é de hoje que, por diversos fatores, vemos uma profusão de torcedores mirins que não só literalmente vestem a camisa dos grandes times europeus como, de quebra, sabem tudo e mais um pouco sobre os clubes, campeonatos e jogadores do velho continente. Não é incomum, ao perguntar para um pimpolho ‘qual é o seu time?’, ouvir a resposta ‘ah, sou Vasco, Barcelona e PSG.’
O que é interessante é que, há não tanto tempo atrás, quando os canais a cabo e a internet se popularizaram, tinha simplesmente ficado mais fácil poder acompanhar os campeonatos lá de fora e se informar, poder apreciar outro futebol que não o nosso. Digo, a ideia era apenas assistir a um futebolzinho e, no mais das vezes, uns e outros acabavam por se tornar simpatizantes de algum clube. Simpatizantes: um flerte, nada mais.
Evidente que isso foi uma baita novidade! Me remete, mal comparando, a quando escuto a geração dos meus pais dizer que, para ouvir o disco novo de algum conjunto de Rock dos anos ’70 era necessário esperar meses a fio até que o disco (unzinho só!) aportasse por estas terras. E aí o pessoal se maravilhava. E como isso mudou, dado que hoje em dia parece que a dificuldade é dos músicos em preservarem seus direitos como artistas (com as facilidades de se ouvir música pela web, etc) – mas isso já é outra história. Já vou dizer aonde quero chegar.
Me peguei, ao longo dos últimos meses, completamente fascinado pelo campeonato inglês. A intensidade e a qualidade dos jogos, uma certa lealdade na disputa, a quantidade de talentos em campo numa só partida. Ao mesmo tempo em que pude começar a entender melhor o fascínio das crianças e dos adolescentes por realmente desejarem saber e acompanhar tudo, tudinho o que se passa no futebol europeu, percebi que o que era um flerte virou paixão – mas paixão pelo que, meu deus, se eu sou Flamengo?? Paixão pelo bom futebol. Lembrei que o namoro começou com o Barcelona de Xavi, Iniesta & Messi; e que a relação ficou séria quando me peguei torcendo com unhas e dentes pelo Liverpool (os ‘Reds’) no campeonato inglês. Me programando para acordar cedo domingo e assistir na tv, veja só.
Daí que fui ontem no Maracanã assistir ao Fla-Flu, meu jogo predileto. No vagão do metrô, na ida, uns alemães me pediram informação. Fiquei meio sem jeito, quase que pedindo desculpas de antemão pelo que eu supunha eles iriam ver. Mas enfim, lá se foram. E no estádio virei criança, torci, cantei, vencemos, zombamos do adversário como é natural – mas o preço foi assistir a um festival de pixotadas, furadas, caneladas e empurrões, numa verdadeira briga com a bola. Mais do que pela bola. A bola, essa pobre coitada. Virou lugar comum dizer que, na verdade, não se joga o mesmo esporte no Brasil e nos grandes centros da Europa: um dos dois não é futebol. 
Então, na saída, um velho amigo comentou com propriedade: “Cara, isso que nós estamos vendo aqui é uma espécie de Terceira Divisão do futebol mundial”. Só me restou concordar. Nem Segunda. Terceira, mesmo. Pensei nos motivos de eu ir cada vez menos ao estádio. Pensei nas crianças novamente, eu que andei muito tempo curioso em saber o porque de tanto ímpeto na torcida por clubes estrangeiros. É simples: as crianças de hoje sequer têm o referencial romântico que, ao menos até a minha geração, empurrava-nos ao estádio. Já nasceram com a vaca indo pro brejo. E não querem ser enganadas: ao comparar lá com cá, atualmente perdemos de lavada.
Claro, não precisa ser um ou outro. Nem é pra ser. Mas talvez muitos de nós sintam que o amor pelos clubes de coração esteja simplesmente caducando, diante da paixão pelo bom futebol que, por ora, só nos resta invejar.
Aquele abraço,saudações esportivas

This Post Has 6 Comments

  1. Prezado Professor Rodrigo,

    Seus e-mails são ótimos. Sempre ouvi falar bem de vocês e agora que Pedro começou na escolinha, estamos ainda mais impressionados.

    Um abraço e sempre, um bom jogo!

  2. Boa, Rodrigo. Eu, por exemplo, tornei-me torcedor secreto do Barcelona há muito tempo. É claro que torci pela seleção brasileira na última Copa, mas time brasileiro???… Nos últimos anos andei torcendo pelo Fluminense, mas de algum tempo para cá esse time simplesmente sumiu…
    Estou com as crianças brasileiras. Futebol bom é futebol europeu.
    Grande abraço.

  3. Pois é Rodrigo, vc viu o jogo errado! Rsrs Brincadeiras a parte, quem teve a oportunidade de ver o Garrincha, Nilton Santos, Pele, Zico e outros tantos craques dos bons tempos, pode se encantar tb com a paixão destes pela camisa que vestiam…
    Saudações alvinegra, Andréa Mãe do Heitor

  4. Pois é Rodrigo, vc viu o jogo errado! Rsrs Brincadeiras a parte, quem teve a oportunidade de ver o Garrincha, Nilton Santos, Pele, Zico e outros tantos craques dos bons tempos, pode se encantar tb com a paixão destes pela camisa que vestiam…
    Saudações alvinegra, Andréa Mãe do Heitor

  5. O Botafogo e Madureira foi um jogão! O Madureira jogou que nem "gringo" no primeiro tempo e o Botafogo com raça no segundo tempo…mas sem duvida os jogos "gringos" nos deixam saudosos.abraço Fernando( pai do Bento)

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