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Educação e Subjetividade no século XXI

Caros (as),
No texto abaixo, a amiga e psicanalista Marcia Neder traz importante reflexão sobre a educação e a produção de subjetividade na infãncia e adolescência do século XXI. Cabe lembrar que tais assuntos podem ser tão melhor debatidos quanto conseguem desviar dos moralismos, das nostalgias acentuadas, como também passar longe do desprezo por comportamentos ditos tradicionais – sob pena de se cair no vazio. Como não há fórmula de sujeito, há que se pensar, elaborar e agir, mas uma coisa parece que não muda: educar dá trabalho, e é preciso estar disponível. De corpo e alma. Boa leitura!
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” (…) O ideal valorizado é o da ‘eterna juventude‘, antigo sonho da humanidade do qual a biotecnologia hoje nos aproxima como nunca. Mas ‘eterna juventude’ não apenas do ponto de vista estético e físico: o pacote do ‘seja jovem’ inclui também o aspecto psicológico, o estilo da subjetividade moderna. É assim que o adulto hoje se apresenta, animando a síndrome dos kidults (‘quero ser criança’), quero fazer parte da turma. Nosso moderno estilo de viver é calcado na idealização dos mais jovens invertendo a mão da história, quando os velhos eram respeitados e admirados como sábios.

(…) É assim, como sem limites, que a criança chega poderosa ao século XXI. Soberania talvez inflacionada pela culpa dos adultos por negligenciarem os filhos e que, por isso, tornam-se permissivos, conforme outros aqui já o disseram. Inflacionada também por adultos que parecem ter deixado esse reino edípico da culpa, onde viviam nos velhos tempos de Freud, para habitar as sufocantes miragens de Narciso apaixonado por si próprio.

Enamorados de si, os adultos não parecem muito disponíveis para o trabalho de formar outro ser e que é bem mais intrincado e complicado que simplesmente ‘impor limites’ e restrições. É preciso também ‘pôr’ alguma coisa, introduzir o filho no tesouro cultural, convidá-lo a sentar-se à mesa do banquete que lhe oferece o patrimônio da humanidade para além do seu umbigo. Voltados para o culto a si próprios, fascinados por si mesmos – nem que seja para lamber suas feridas -, muitos adultos revelam-se pouco dispostos ao trabalho de educar os filhos que fizeram nascer.
Filhos que podem viver essa oferta perseguidos pela angústia do abandono e da fragmentação de si. Esse mundo do tudo pode é também um mundo da confusão no qual podem tentar realizar sua fantasia de onipotência buscando aditivos que lhe permitam obter um prazer que não surja da superação e elaboração dos limites, mas do drible desses mesmos limites. 
Eles são descritos por Marcia Cezimbra em matéria na revista de O Globo sobre a ‘geração analgésico‘: “Tomam Red Bull parar ficarem espertos quando estão cansados, quando querem transar bem tomam Viagra, quando querem dançar tomam Ecstasy, se querem dormir tomam Dormonid, se querem baixar a bola fumam um baseado, se a realidade está difícil mergulham no computador, e até a ideia de ficar com dez por noite resume uma dificuldade de lidar com as dores do namoro: ciúmes, perda, rejeição, limitação de liberdade‘.”
[Adaptado de Marcia Neder: ‘Déspotas Mirins – o poder nas novas famílias‘, 2012]

This Post Has 9 Comments

  1. É sempre um prazer ler o seu blog de vez em quando e relembrar os bons tempos :)! To no terceirão (perrengue..) agora, mas já há um tempo a galera antiga tava pensando em fazer aquela visita esperta.Abração parceiro! Saudades

  2. Olá Rodrigo!

    Sempre acompanho seus emails mesmo o Pedrinho tendo saído pois tenho a intenção de colocar o Erick no futebol assim que vc deixar…rsrsrs….

    Ele é ótimo mas ainda é pequeno…

    Pode deixar meu email que adoro as reportagens!!!

    Obrigada

    bj

  3. Oi Rodrigo,

    O Diogo entrou para o Ensino Médio.
    O número de matérias aumentou bastante.
    Agora tem aula também durante as tardes de segundas e quartas. Chega em casa por volta de 18:00h. Sai de casa às 06:30h. Puxado!

    Sempre que for possível, com certeza, vai dar um pulinho no Futsal, para matar as saudades do querido e estimado mestre e amigo.

    Obrigada por todos os ensinamentos durante os dez anos de aula.

    Vamos nos falando.

    Bjs

  4. Rodrigo,

    A Mariana realmente não poderá fazer futsal neste ano.
    Muito obrigada pela atenção e pelo seu excelente trabalho durante todos esses anos que Murillo e Mariana participaram do grupo!

    Abraços,
    Marley

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