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Histórias Fantásticas de Futebol (10) – final

O segundo sol

A vida corria na cidade quando os meninos foram se encontrar no campinho.

Ônibus seguiam apressados.

Carros e motos de aplicativo zumbiam nas ruas e nos ouvidos.

Ruas, ladeiras e calçadas levavam gente pra lá e pra cá.

Prédios e apartamentos guardavam tudo e todos em suas caixas .

***

O clarão que se fez no céu banhou aquilo tudo.

Ônibus desaceleraram.

Carros e motos de aplicativos silenciaram.

Ruas, ladeiras e calçadas sossegaram.

Prédios e apartamentos se abriram.

***

Os olhares buscavam o céu.

Era uma luz suave, embora potente em sua fonte.

O verde das folhas das árvores retribuía o carinho e devolvia uma cor serena.

***

Poucos segundos antes um passe surgiu, milimétrico, entre dois zagueiros.

Foi o suficiente para que Gabriel se adiantasse e, com categoria, colocasse a bola docemente no fundo do gol, com o pé direito.

A corrida para comemorar não foi qualquer corrida: era o primeiro abraço em comemoração a um gol depois de incontáveis meses sem poder jogar futebol, muito menos fazer gols, muitos menos ainda abraçar ninguém.

O abraço, aquele abraço, teve o carinho, a saudade e a alegria infinita de milhões de megatons.

***

Fez-se, assim, aquela luz e não se sabe por quanto tempo ficará nos céus.

Mas os físicos suspeitam que ela passará, em breve, a comandar a vida na Terra.”

(de Rodrigo Tupinambá Carvão)

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