Kids
Só que não. Ao longo dos anos nós do Chutebol temos tentado achar uma combinação ótima, nas competições, entre a vontade de ganhar e uma certa ética que deve balizar nossa agressividade mais profunda. Já nos portamos, no início do projeto, de maneira até ingênua nas competições, o que também não dava muito certo; existe algo da vontade de potência de cada um que deve ser colocado pra fora. A competição não é um mal em si – aliás, bem trabalhada, ensina muitas coisas, todos sabemos. Uma dureza da vida precisou ser encarada por nós junto com as crianças. Faz parte, fez bem.
A questão é o ‘como‘. Tenho sentido o mundo cada vez mais competitivo, no pior sentido do termo. Vivemos tempos de incerteza: quanto ao futuro do planeta, quanto às questões econômicas e sociais, quanto à água, quanto ao-que-vai-sobrar-pra-cada-um. E daí pro salve-se quem puder, que infelizmente é o que salta aos olhos. Claro, existem e sempre existirão pessoas generosas, projetos solidários, alguma poesia. Mas, como conversei com um amigo por estes dias: são tempos bicudos, quase uma distopia.
No próximo sábado vamos disputar as finais da Copinha (uma espécie de Intercolegial) e tenho sentido, nas arquibancadas e nas partidas, um clima bastante tenso. Não só pela disputa (o que é natural), mas uma tensão que transborda o jogo em si. Acho que estou tentando dizer que a atmosfera geral do nosso tempo é a de um clima tão competitivo que isso está atingindo em cheio e fazendo muito mal a muitas crianças. Dava pra falar numa espécie de narcisismo exacerbado, num medo extremo de perder (perder o quê?), numa necessidade de destruir o outro para se perceber vivo. Mas isso dava outro post, mais psicanalítico.
Ao contrário, venho aqui deste espacinho pedir pelas novas gerações: generosidade, solidariedade e acolhimento. Não estou falando de ingenuidade, pieguismo. Nem negando a fera que há em nós. Mas a gente precisa parar pra pensar sobre o que vai fazer com ela sob pena de, cada vez mais, devorarmo-nos uns aos outros.
Aquele abraço, saudações esportivas
(PS: a foto acima nos foi enviada pela Camila Tramujas, mãe do nosso ex-aluno Bruno Tramujas. O Bruno, aliás, foi quem batizou o blog e, por extensão, o projeto: Chutebol. Ele chegou com quatro aninhos e vivia repetindo: “Vamos jogar Chutebol, vamos jogar Chuteboool??!”. Daí, quando precisei de um nome, o estalo: nada mais lógico do que ‘Chutebol’ para um projeto de brincar de bola. Bruno ficou com a gente cerca de dez anos e hoje segue seu caminho. Mandamos um beijo carinhoso pros dois!)
Valeu, galera! Obrigado pela força – bola pra frente!
Lamentável presenciar isso. Como educadora, concordo com você e acho que somos pessoas importantes para evitar que isso aumente. Quando mostramos que " todas as estrelas brilham no céu e ninguém precisa apagar a outra" todo O MUNDO sai mais feliz. Vamos cumprindo nosso papel que uma hora conseguimos! Sempre admirei seu trabalho. Beijos.
Difícil de achar profissionais competentes, não tenho dúvidas com quem o Bernardo terá aula de futsal. Continue lutando contra a maré.
Muito bacana Rodrigo! Parabéns!
Abs
Cristiana
ótimo texto. Valeu!
beijos
anna dantes
Parabéns por suas palavras! Gosto muito da maneira que vê as coisas.
Um abraço,
Anna
É verdade, crianças podem ser… cruéis, digamos. Mas isso é da vida, elas estão testando seu poder sobre o mundo.
Quero dizer com isso que é normal quando uma criança faz isso.
Aí sim, cabe ao adulto, claro, apontar as condutas mais adequadas. Quando o daulto não está presente e a criança não é bem orientada, isso sim gera um problema social mais sério.
Mas poder se haver com isso e enfrentar faz parte, não é mesmo?
Um beijão
Acho o tópico interessante e super válido.
Gostaria de pontuar somente a "maldade" dos nossos pequenos – quem tem filho.
As crianças são crueis e chamando outras de ruins e frangueiras " vc eh o pior do time" "vc não deve estar/jogar aqui"….vale lembrar que vcs como apoio na educação, devem enfatizar que esta postura não eh legal – pelo menos na minha opinião.
Falo que eles (meus filhos) vão para o futebol para brincar, treinar e não se tornar um jogador profissional. Que ser bom ou não, eh consequencia de treino e dedicação e acho inadmissível ofender um amigo no futebol ou escola ou seja onde tiver.
Fica o desabafo de uma mãe !!!!
Obrigada! Parabéns pelo trabalho com as crianças!