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Mediocridade F.C.

Costumo adaptar, neste espaço, textos que considero pertinentes aos temas do blog. Autores afins e notícias. Mas de vez em quando dá pra eu falar também, né? Então, lá vai (seria legal a galera comentar, dá um bom debate, que tal?): 
Com a eliminação no jogo de hoje, o Barcelona ficou de fora da final da Liga dos Campeões da Europa. Até aí, tudo bem, nada demais. Como dizia um velho treinador, “o jogo é jogado, o lambari é pescado“. Bem, e o que me causou espanto hoje, logo após a desclassificação do time de Messi? A comemoração desmedida de gente torcendo pro adversário, o baita time inglês do Chelsea.
O que causa espanto não é a torcida para o Chelsea em si (que realmente se aplicou, defendeu-se como pôde, contou com a sorte como tem de ser); mas o motivo da torcida. Era muito mais um contra o Barça do que torcer pelo Chelsea, claro, somos brasileiros, no fim das contas. Ninguém é Barcelona nem Chelsea desde criancinha aqui por estas terras – somos Vasco, Flamengo, Fluminense, Botafogo, etc.
Mas por quê toda esta torcida contra o Barcelona, uma equipe que encanta o planeta, que traz em si uma inteligência, uma estética, um refinamento, uma beleza que é escassa no futebol de hoje? A meu ver, porque o Barcelona representa o diferente. O estranho. Algo que foge aos padrões. Algo que tende a ser, por isso mesmo, da ordem do incontrolável. Causa horror. É o pensamento amedrontado: se não podemos alcançá-los, ao invés de admirarmos e tentarmos aprender alguma coisa, desdenhamos, depois, tripudiamos de sua derrota: “Pensaram que iam longe, há!”. Eles não são iguais a nós – um misto de inveja e ressentimento. O Neymar, craque que é, fala disso no vídeo acima.
“Aonde esse time vai parar?!”, pensamos todos em algum momento. Ou “Não é possível que este time não seja derrotado!”. Daí começam os comentários, ressentidos: “Ah, tomara que perca mesmo, ficam aí de toquinho”; “É chato ver esse time, só fica tocando a bola, dá até sono!”. Sono?? Eu vibro a cada jogada de pé em pé, saindo gol, ou não. É um deleite assistir a este Barcelona.
Daí que ficou impossível, pra tanta gente, simplesmente… admirar, aplaudir, torcer pra ver um bom jogo, ou até torcer pelo Barça – e como torci! Torci pela beleza, pela elegância, pela classe, pelo bom futebol, enfim. Ah, o Chelsea deu uma aula de marcação! Claro, sou treinador, sei apreciar isso também. Treinamos muito a marcação aqui no Clube. Aliás, o próprio Barça rouba a bola o tempo todo! Mas a plasticidade do futebol nunca veio daí. 
Veio, vem, e sempre virá, da sede de buscar o gol, com a alegria de jogar que este time do Barcelona tem nos proporcionado. Por isso me pareceu de uma mediocridade ímpar tamanha vibração com a derrota de um estilo bonito de jogar futebol. Os medíocres da bola estão comemorando hoje, na aldeia global, nos quatro cantos do mundo.

Aquele abraço, saudações esportivas

This Post Has 11 Comments

  1. Concordo contigo, Rodrigo, em tudo. Quem viu a Seleção de 82 (entre outras)jogar, sabe o que é toque de bola e futebol arte.

    Quando a lei do impedimento for revista para dar mais espaço para o jogo; quando o jogador for obrigado a jogar em pé, sem poder dar carrinho; quando o poder de manipulação de resultados sair da mão dos controlados juízes, quando a Fifa for realmente transparente, o futebol do drible, da criatividade, o futebol do craque terão mais valor, mais incentivo.

    E mais Barcelonas surgirão. Por todos os cantos.

    Um abração do teu fã
    Maurício Vidal Andrade

  2. Querido Rodrigão,
    estou acompanhando e me deliciando com os ótimos espetáculos que essas quatro grandes equipes nos proporcionaram nas semi-finais da liga européia. Pode até acontecer da final ser chata e amarrada, como muitas outras que já vimos e, com certeza, ainda vamos ver, mas esses dois jogos não foram somente aulas de futebol, foram obras primas de futebol e, sinceramente, quem torceu por um dos esquadrões pode ter saboreado menos. Quanto ao Barcelona, morro de inveja. Desejo que meu Botafogo seja igualzinho ou melhor quando crescer, mas sinto em meu coração um tremor de paixão pelo Real Madri e paixão, meu querido amigo, é paixão e só.
    Forte abraço saudoso.

  3. Afe maria, que post!!

    Achei lindo o "time de Messi" parece até nordestino…carioca diria "time do Messi" 🙂

    O legal da terça é que é dia de post.

  4. Adorei o texto, o conteúdo. Seu último parágrafo foi muito bom. Conseguiu reunir, sitetizar, concluir o que vc vinha desenvolvendo, e melhor, com a sua marca.

  5. Meu caro amigo,

    Estou totalmente ao seu lado nesta luta contra a mediocridade.

    Infelizmente o brasileiro que torce contra, não só o faz por questões de dor de cotovelo, mas pelo fator que sempre leva as pessoas a torcerem pelos mais fracos, o que em momento algum justifica esse "ódio" por haver um clube ganhando tudo e jogando bonito.

    Talvez nosso complexo de vira latas. Ou mesmo nossos anos como colonizados.

    Como você disse, pode ser simplesmente o medo de nunca alcançarmos esse nível futebolístico.

    Abração,
    Claudio Sereno

  6. Grande Rodrigo…o que lamento é que o meu tricolor não terá a chance de pegar o Barça na final do mundial interclubes….

    Ironia e desejo a parte, lamentei tambem a derrota do Barça e do futebol arte..temo pela volta da era Dunga , do futebol rígido e duro de se ver…
    Mas… esta é a graça do futebol, a sua imprevisibilidade e inconstancia.

    Saudações tricolores
    Mario Braile

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