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Mediocridade geral

Caros (as),

Dos campos de futebol, universo que ultimamente serviu como metáfora de muitas das conhecidas mazelas nacionais (incompetência, corrupção, precariedade de bons projetos coletivos), fez bem a entrevista de Cristóvão Borges, atual treinador do Fluminense, por sua lucidez. O blog Chutebol lembra que perguntou, logo após o histórico vexame dos 7×1 contra a Alemanha, quem se dispunha a pensar aberta e honestamente o futebol brasileiro – para além das picuinhas, em especial entre a imprensa e os treinadores.


O ex-jogador Leonardo, multicampeão nos gramados brasileiros, em recente entrevista também lembrou que acha incompreensível as Copas de ’94 e 2002 (que ganhamos com um futebol pragmático) serem vistas com desdém por boa parte da imprensa, visto que a Itália em 2006 foi reconhecida por sua competência neste sentido, assim como a brava equipe argentina agora em 2014, ao reconhecer suas limitações e enfrentar a poderosa Alemanha com bravura e estratégia na final.

Tudo isso se mistura porque, na verdade, parece que a imprensa esportiva brasileira, em sua maioria, se interessa apenas em eleger heróis e culpados. Ao passo que ela poderia cumprir papel muito mais digno se, ao contrário, apresentasse profissionais mais preparados, com perguntas estimulantes, interessantes, mais verdadeiras do que a voracidade exigida pela necessidade de fabricar personagens: vilões e celebridades para vender a uma sociedade já reconhecida ao avesso, por suas carências educacionais. Boa leitura!
“Ao ser indagado sobre a escalação ou não de Fred, Cristóvão Borges não economizou críticas à imprensa esportiva brasileira. Para o treinador do Fluminense, é ela quem fomenta discussões internas e avaliações, na visão do profissional, equivocadas sobre escalação e formação das equipes.

– Olha, no Vasco, em todas as coletivas eu tinha que responder se o Juninho e o Felipe podiam jogar juntos. Aquilo me dava uma tristeza, pois parecia o assunto mais relevante, mesmo nas vezes em que o Vasco fez partidas maravilhosas. Agora, eu pensei que tinha me livrado disso, mas em todas as coletivas são seis ou sete perguntas sobre o Fred. Ele é o grande ídolo, mas as perguntas são de uma pobreza absurda. O Fred não jogou porque precisava se condicionar, ora – argumentou Cristóvão, que continuou:

– Mas quem fomenta isso? Quem faz isso virar notícia? Quem faz enquete instigando a torcida? Metem o pau, dizem que estamos atrasados, mas a imprensa também precisa se preparar. Se a discussão não mudar, a gente vai continuar tomando de sete. No futebol, discutem-se pouco as coisas essenciais. As não relevantes ocupam mais espaço. A gente só discute quando há uma tragédia como a da Copa do Mundo. Aí, todo mundo quer revolucionar tudo, e nada presta. A discussão é que está errada.”
[Da página netflu.com.br, de 08/08/14]

This Post Has 2 Comments

  1. Valeu, Rodrigo!
    Parabenizo sua iniciativa em promover assuntos polêmicos que atravessam nossa cultura, e em especial a esportiva, que queiram ou não, permeiam nossa identidade cidadã.

    Abraços,

  2. Perfeito,

    na minha opinião o Cristóvão é a mente do momento no futebol brasileiro. Tomara que ele consiga espaço e resultados expressivos antes de conseguirem derruba-lo. Pois desse modo acredito que ele consiga carregar muitos outros em esteira.

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