O sujeito medicalizado chega à infância
Caríssimos,
O blog Chutebol traz a psicanalista Maria Rita Kehl, para pensarmos algo que já atinge a infância em cheio: a medicalização por conta do sofrimento psíquico. Quais os limites disto? É possível sustentar este ideal de felicidade das grande marcas? Como o sujeito se implica (ou não) em suas próprias questões? Não é próprio do humano, sofrer? O Barão de Itararé lançou uma boa: “A vida não é só gozar – mas também não é só sofrer“. Refletir é preciso!
“De acordo com os modelos das neurociências e de certas correntes da psiquiatria, não é necessário pensar o homem como marcado pelo conflito, e sim como uma máquina perfeita que pode ser atormentada por alguns distúrbios e desvios de funcionamento ocasionais. De um lado, o excesso de pressão exercido pelas exigências sociais e pelo ‘ritmo da vida‘ moderna pode causar estresse, desânimo, descontrole. De outro, alguns déficits químicos podem submeter o corpo a estados depressivos curáveis pela psicofarmacologia avançada.
(…) Uma sociedade em que os homens concebem a sua vida psíquica segundo o modelo do distúrbio e da cura neuroquímica (ainda que não se possa negar a importância da psicofarmacologia no auxílio ao tratamento das formas extremas de sofrimento psíquico) é uma sociedade em que as condições do laço social não convocam os sujeitos a fazer do pensamento um auxílio para a mediação de suas relações e na negociação de suas diferenças. Ao empobrecimento do pensamento correspondem, de um lado, a violência; de outro lado, a depressão.
(…) A depressão, sintoma do mal-estar neste começo de milênio, (…) é ao mesmo tempo causa e consequência da recusa do sujeito em assumir a dimensão de conflito que lhe é própria. (…) O empobrecimento da vida subjetiva é o preço pago por aqueles que orientam as suas escolhas em função do medo de sofrer.
(…) O medo de sofrer confunde-se com o medo do desconhecido. O fato é que o homem moderno, voltado para os ideais pós-revolucionários de felicidade (…) é alguém que desaprendeu a sofrer.”
[Adaptado de ‘Sobre Ética e Psicanálise‘ – Maria Rita Kehl, 2002]
E de que somos feitos senão de suor e sofrimento?
Soframos e deixemos os fármacos para aqueles que realmente precisam (conselho de farmacêutica).
Ainda não inventamos remédio para vida como ela é.
E sinceramente, seria muito chato se tivéssemos a pílula da felicidade.
De que valeria isso tudo se não pudéssemos ser simplesmente tolos e famintos?
E no fim, feliz com nosso sofrimento?
Igor manda um abraço.Ele sente muita falta das aulas daí.
Belo trabalho que você faz com a garotada.Parabéns ,continue assim, nota 10.
Quem sabe um dia vc vem dar aulas em Búzios……
Abraços a todos
Adriane e Igor