Para além das bananas
Prezados,
Recorremos ao psicanalista Joel Birman para, após o estúpido episódio das bananas com o jogador Daniel Alves (e toda sua repercussão na web, até cansativa para alguns), tentar entender um pouco mais da cultura da violência em que estamos afundados hoje – o racismo e além. No vídeo abaixo, uma ideia interessante de uma rede de televisão. Boa leitura!
O Ethos da violência
“A autoexaltação desmesurada da individualidade no mundo do espetacular fosforescente implica a crescente volatilização da solidariedade. Enquanto valor, esta se encontra assustadoramente em baixa. Cada um por si e f…da-se o resto, parece ser o lema maior que define o ethos da atualidade, já que não podemos, além disso, contar mais com a ajuda de Deus em nosso mundo desencantado.
A solidariedade seria, assim, o correlato das relações inter-humanas fundamentadas na alteridade. Para isso, no entanto, seria necessário que o sujeito reconhecesse o outro na diferença e singularidade, atributos da alteridade. O que justamente caracteriza a subjetividade na cultura do narcisismo é a impossibilidade de poder admirar o outro em sua diferença radical, já que não consegue se descentrar de si mesma.
Referido sempre a seu próprio umbigo e sem poder enxergar um palmo além do próprio nariz, o sujeito da cultura do espetáculo encara o outro apenas como um objeto para seu usufruto. (…) Dessa maneira, o sujeito vive permanentemente em um registro especular, em que o que lhe interessa é o engrandecimento grotesco da própria imagem. O outro lhe serve apenas como instrumento para o incremento da autoimagem, podendo ser eliminado como um dejeto quando não mais servir para essa função abjeta.
Com isso, as relações inter-humanas assumem características nitidamente agonísticas, de uma maneira perturbadora. Na ausência de projetos sociais compartilhados, resta apenas para as subjetividades os pequenos pactos em torno da possibilidade da extração do gozo do corpo do outro, custe o que custar.
Este é o cenário para a estridente explosão da violência na cultura da atualidade, que assume assim não apenas diversas formas, mas também configurações inéditas. As práticas neonazistas estão aí mesmo, em toda parte, na nossa existência cotidiana. Saquear o outro, naquilo que este tem de essencial e inalienável, se transforma quase no credo nosso de cada dia.”
[Adaptado de ‘Mal-estar na atualidade‘, Joel Birman – 2000]
Muito bom o conteúdo do vídeo, Rodrigo….. quem dera pudéssemos todos nós, adultos, ter a cabeça de uma criança!!!!
Bjs,
Mirian&Luca
Pois é, Mirian, pois é..
Bjs!
Muito boa, Rodrigo, a sua articulação entre sua atividade lúdica, educativa, ética, social, e o texto do Joel. O seu chutebol aparece como antídoto para o egoísmo humano radical. Parabéns.
Olá Nahman,
Obrigado pelas palavras e pelo carinho.
O Chutebol agradece!
Grande abraço
Ótimo! assiste o observatório da Imprensa do dia 16 de setembro que vai tratar de preconceito na mídia e possivelmente contará com o Joel Birman…bjs
Oba!!