Saudades

Por Rodrigo Tupinamba Carvao
em 16/07/2020 |
Categorias: ChutebolQuarentena

Com a perspectiva da reabertura de algumas atividades, relatos sobre a nova mudança de rotina de crianças e adolescentes vão ganhando contornos e, claro, dúvidas.

Horários, cursos e aulas, protocolos e possibilidades circulam entre famílias e grupos sociais à medida em que o tempo avança e que algumas escolhas fatalmente deverão ser feitas – entre consensos e subjetividades.

Particularmente saltou aos ouvidos, nos últimos dias, histórias de meninos e meninas que, supostamente, não estariam mais demonstrando sentir falta do mundo fora de casa: amigos, atividades diversas, esportes. Algo como um novo costume, uma espécie de adaptação total ao confinamento.

Para quem sente falta da rua, das pessoas e dos lugares soa bastante estranho, e poderíamos colocar na conta das diferenças da maneira de viver de cada pessoa. Mas existe um ponto que pode ser válido.

Uma adaptação total significa, de certo modo, uma naturalização de atos, hábitos, relações. Significa ainda, levando-se em conta o termo ‘total’, a ausência de um estranhamento.

Ocorre que, por condição humana, adapta-se a situações muito boas, mas adaptamos-nos também a condições bastante ruins. A história é farta em exemplos.

Pareceu-me útil, assim, o lembrete de que muitas dessas crianças que se dizem perfeitamente adaptadas à situação atual podem ter, simplesmente, se adaptado a um estado de tristeza; de desistência. E que, tendo desistido internamente de esperar (ou de acreditar) pela vida social mais ampla em todas as suas cores, aparenta estar em paz.

Cada caso e cada família, em seus olhares afetivos, costuma perceber a diferença entre uma paz de espírito benfazeja e real e, ao contrário, uma tristeza que tenta não se mostrar. Naturalizada.

É sempre bom calibrar o olhar.

Estamos com saudades.

Aquele abraço, saudações esportivas

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6 Comments

  1. Izabel julho 17, 2020 at 7:08 pm - Reply

    Oi Rodrigo muito boa a observação. No nosso caso estamos sim adaptados. Com alguns ganhos. Percebemos que conseguimos ficar juntos sem tentar nos “enforcar ” enforcar mas também sentimos muitas saudades das trocas presenciais super saudáveis. Bjs.

  2. Bia julho 17, 2020 at 7:09 pm - Reply

    Excelente texto como sempre! Bjs!!!

  3. Alvinho julho 17, 2020 at 7:18 pm - Reply

    bom demais!!
    abraço

  4. Ju julho 17, 2020 at 7:19 pm - Reply

    Tocou na ferida!
    Obrigada pela reflexão super válida!

  5. Arnaldo julho 17, 2020 at 7:20 pm - Reply

    Grande Rodrigo,
    como estão ??

    Momento de reequilbrio e readaptação ás novas rotinas sociais com possiveis voltas às atividades.

    Espero que vc, Tiago e toda a equipe do ChuteBol tenham conseguido respirar nesse tempo dificil e se reinventar para novos tempos.

    Forte abraço !!
    Sucesso !!

  6. Fernanda julho 20, 2020 at 8:13 pm - Reply

    Lindo e necessário
    Obrigada como sempre

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