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Sobre confiar

Caros(as),
   “Assim é Jorge/E salve Jorge e viva viva viva Jorge
Pois com sua sabedoria e coragem /Mostrou que com uma rosa
E o cantar de um passarinho/ Nunca nesse mundo se está sozinho”
(Jorge Ben)

Nesta postagem sentimos a necessidade de fazer alguns comentários sobre a idade do aluno e a turma em que está inserido: as dificuldades, os contextos, enfim, toda a trama (visível por vezes, noutras nem tanto) que vai se desenvolvendo nos grupos. O grosso de cada turma costuma ter uma idade média, mas também existem os extremos – e é preciso lidar com eles. A ideia de escrever um pouco sobre o assunto surgiu, creio eu, de dúvidas e angústias, questões que pais e filhos nos trazem e é imperativo que escutemos. É parte do nosso trabalho. Na verdade consideramos isso ‘ouro em pó’ – como dizia uma amiga. Tem um valor enorme no cotidiano do Chutebol.

Começando do começo, dividimos as turmas assim: 04 até 06 anos; 06 até 09 anos; 09 até 12 anos; 13 até 16 anos. Pois bem, isto posto, é claro que existem as exceções. Seja por questões de horário, de habilidades, força física, de histórico no esporte, de maturidade emocional, enfim – há uma série de fatores que podem influenciar num, digamos, alargamento de possibilidades para o fato de entrar nesta ou naquela turma. Em todo lugar é assim, então até aqui nada de novo no Reino da Dinamarca.
Pois bem, outra explicação: como chegamos a esta divisão de turmas, tal como apresentado acima? Após anos de experiência. A ideia de turmas com idade demasiado aproximadas (por exemplo: uma turma só para alunos de 06 e 07 anos) simplesmente não funcionava. Tinham vida curta. Não tem tanta gente assim pra jogar futebol. Daí que, ao longo dos anos, fomos percebendo como era necessário alargar a faixa etária para cada turma. As dificuldades inerentes a esta escolha deveriam então ser trabalhadas por nós, professores, junto aos pais e ao aluno – sempre com olhos, ouvidos e coração (claro) bem abertos. E assim fizemos. Foi uma escolha. Novamente: e por quê esta escolha, para além da questão da continuidade das turmas?
Porque também enxergamos ganhos para os alunos. Percebemos as possibilidades de amadurecimento ao ter de atravessar a difícil fase de ser o mais novo da turma; o ganho de confiança ao ficar na média da turma, com o passar do tempo, ganhando força e habilidade; e a fase gostosa de já estar plenamente adaptado, ser um dos mais experientes, dar dicas aos mais novos, ficar seguro em quadra, ser solidário. O tempo. Lembrávamos de nós mesmos quando crianças, enfrentando tais desafios com um grande motor. Futebol na rua não tinha idade. Motor? O desejo de brincar, de jogar bola. Pode parecer pouco ou simplório – mas é uma força e tanto, não duvidem.
Assim que temos o que chamamos de ‘idades sensíveis‘. São alunos que estão na fronteira entre uma faixa etária e outra. Que tanto podem ser o mais velho de uma turma, como o mais novo da próxima. Aí entra em cena a conversa com a família, com a criança. A experiência do professor, o diálogo. Temos por regra proporcionar a experiência de, antes de mudar de turma, ser dos mais velhos, viver as delícias, o conforto e segurança, e as responsabilidades em sê-lo. Para então mudar e (ai, meu deus!), começar do começo. Ainda que seja um começo diferente, certo? De nooovo. Mas são angústias que podem e devem ser superadas com a ajuda de todos. Descobrimos que com amparo, com um olhar atencioso dos adultos à sua volta, a criança atravessa angústias e encontra forças aonde não sabia que existiam.
É preciso confiar nas crianças. 
Aquele abraço, saudações esportivas

This Post Has 7 Comments

  1. Meu filho esteve na escolinha dos 4 aos 13 anos. Passou por todas as experiências descritas acima.
    Ele passou por diversas turmas e horários, foi o mais novo, e também um dos mais velhos. Pode aprender e ensinar. Ganhou, perdeu. Cresceu, continua crescendo e escolheu vivenciar outros esportes em que tem mais habilidade. Apesar de não ser craque, sair da escola foi uma decisão difícil e demorada. Serei eternamente grata a tudo que a escola de futsal proporcionou. Certamente poderá usar o que aprendeu ao longo de sua vida. Obrigada, Rodrigo!

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