Vargas Llosa no Chutebol
Caros (as),
O blog Chutebol volta com força, e traz o escritor peruano Mario Vargas Llosa, Premio Nobel de Literatura e grande pensador, para nos ajudar a refletir: afinal, as novas gerações de leitores ainda conseguirão se deliciar com livros, digamos, materiais? A internet, os tablets e outras engenhocas de fato colocarão os velhos livros para escanteio? Qual a ideia de ‘progresso’ que está em jogo?
“Nunca vivemos, como agora, uma época tão rica em conhecimentos científicos e invenções tecnológicas, nem mais equipada para derrotar as doenças, a ignorância e a pobreza; no entanto, talvez nunca tenhamos ficado tão desconcertados diante de certas questões básicas como o que fazemos neste astro sem luz própria que nos coube, se a mera sobrevivência é o único norte que justifica a vida, se palavras como espírito, ideais, prazer, amor, solidariedade, arte, criação, beleza, alma, transcendência ainda significam alguma coisa e, em sendo positiva a resposta, o que há e o que não há nelas. A razão de ser da cultura era dar resposta a esse tipo de pergunta.
(…) A ideia de progresso é enganosa. (…) Não acredito que a troca do livro de papel pelo eletrônico seja inócua, simples troca de ‘envoltório’, mas também de conteúdo. Não tenho como demonstrá-lo, mas desconfio que, quando os escritores escreverem literatura virtual, não escreverão da mesma maneira que vieram escrevendo até agora, pensando na materialização de seus escritos nesse objeto concreto, táctil e durável que é (ou nos parece ser) o livro.
Algo da imaterialidade do livro eletrônico contagiará seu conteúdo, como ocorre com essa literatura canhestra, sem ordem nem sintaxe, feita de apócopes e gíria, às vezes indecifrável, que domina no mundo de blogs, twitter, facebook e outros sistemas de comunicação através da rede, como se seus autores, ao usarem esse simulacro que é a ordem digital para se expressar, se sentissem libertos de qualquer exigência formal e autorizados a atropelar a gramática, o bom senso e os princípios mais elementares da correção linguística.
A televisão até agora é a melhor demonstração de que a tela banaliza os conteúdos – sobretudo as ideias – e tende a transformar em espetáculo (no sentido mais epidérmico e efêmero do termo) tudo o que passa por ela. Minha impressão é de que literatura, filosofia, história, crítica de arte, sem falar da poesia, em suma, todas as manifestações da cultura escritas para a rede serão sem dúvida cada vez mais de entretenimento, ou seja, mais superficiais e passageiras, como tudo o que se torna dependente da atualidade.
Se for assim, os leitores das novas gerações dificilmente estarão em condições de apreciar tudo o que valem e significaram certas obras exigentes de pensamento ou criação, pois elas lhes parecerão tão remotas e excêntricas como o são para nós as disputas escolásticas medievais sobre os anjos ou os tratados de alquimistas sobre a pedra filosofal.
(…) Custa-me imaginar que os tablets eletrônicos, idênticos, anódinos, intercambiáveis e funcionais a mais não poder, consigam despertar esse prazer táctil prenhe de sensualidade que os livros de papel despertam em certos leitores.”
[Adaptado de ‘A civilização do espetáculo‘, Mario Vargas Llosa, 2012]
Show Biga! Os Hippies mandam lembrança!
Rodrigo,
Achei bem bacana o blog
Que artigo legal, Rodrigo, adorei!
Beijos literários
Tia
Oi Jessica, claro que lembro, um grande abraço pra vocês!
Até breve, obrigado pelo carinho,
Rodrigo
Oi Rodrigo,
Parabens por os informativos electronicos. Ainda a gente lembra de voces. O meus filhos John and Sebastian (Voce ainda os lembra neh?) sempre lembram com muita saudade do Brasil. Mais quem sabe a gente programa um viajem para Julio proximo ano.
Um abrazo
Jessica + John + Sebastian