À distância
Durante a quarentena, veio à tona a discussão sobre o ensino à distância, as aulas virtuais que as escolas estão colocando em prática para tocar o ano. De alguma maneira, para poder trabalhar e sustentar um cotidiano (mesmo modificado), a maioria de nós fez e tenta fazer essas adaptações.
Ocorre que, rapidamente, pais e mães, em especial no caso de crianças mais novas, passaram a dar muitas queixas do funcionamento proposto, na medida em que precisavam, além de trabalhar, não mais ‘tomar a lição’ como se dizia – mas, do dia pra noite, praticamente se tornarem professores.
Ouvi também sugestões para deixar a meninada sem aulas enquanto durar o confinamento, por ser irreal aquilo que tem sido oferecido. Permitam um comentário.
Imagino que, de algum maneira, estamos colocando a vida lá fora dentro de casa. E como colocar a escola dentro de casa? É uma boa pergunta que, se não me engano, vem sendo feita há décadas.
Não precisa ser muito romântico para acreditar que, neste momento de crise, logo de arranjos e acomodações, surge nova oportunidade para refletir acerca da relação da escola com a vida comum. Descartá-la seria dizer que ela não pode fazer parte da vida agora, como se a vida pedisse ‘altos’.
Por outro lado, apostar no ensino como se os alunos estivessem em sala de aula soa realmente irreal – o que faz pensar o quanto de irrealidade já não havia nos conteúdos. Estes só servem lá?
Parece boa a hora para escutar as famílias: pensar o que é legal e importante para o cotidiano, para que seja traduzido em conhecimento escolar. É um desafio para o corpo docente, para a relação professor-aluno.
A distância que se materializou entre casa e escola pode nos empurrar, a todos, na tentativa de recuperar o sentido pedagógico da coisa.
São lugares diferentes, mas podem se aproximar.
Aquele abraço, saudações esportivas