Barcelona / Blanes (2)
No relato anterior, a tentativa foi de apresentar a experiência que precede o futebol, dado que ele está iserido, necessariamente, numa cultura mais ampla. No entanto, o futebol também tem um mundo próprio e seus caprichos. Vou tentar descrever aquilo que vi nas quadras da espanha.
![Brasil Campeão - equipe Infantil](http://projetochutebol-com-br.umbler.net/wp-content/uploads/2018/05/usa-futsal-barcelona-300x300.jpg)
O evento para o qual fomos convidados a participar chama-se “Top 12 Experience”. Mais simples, Top12. É promovido pela United Futsal Association – USA Futsal. Esta organização norte-americana vem oferecendo a possibilidade de treinamentos específicos para jogadores mirins, em parceria com grandes clubes. O convite para a nossa participação veio através da Federação de Futsal do Rio de Janeiro (FFSERJ), por indicação de profissionais da base do CR Flamengo. Assim, desembarcamos na Espanha – o clube parceiro da vez era o FC Barcelona.
A proposta foi a de treinar, durante uma semana inteira, com profissionais da base do Barça e, ao final, disputar uma competição entre os países envolvidos. Éramos, nos treinamentos: Brasil, Austrália e EUA. Para a competição final, foi convidado um combinado da região de Girona, representando a Espanha. Assim, durante uma semana, a molecada encarou uma dura rotina de 03 sessões de treino por dia (!).
A curtição é levar uma vida realmente de atleta neste período: levantar cedo da cama; tomar café com o grupo no hotel; pegar o ônibus para a Ciutat Esportiva (o incrível centro de esportes da pequena cidade de Blanes); voltar para o hotel, descansar, almoçar. Partir para a segunda sessão, voltar, descansar. Fazer outra refeição e, já de noite, mais uma sessão de treinamentos.
Os papais, mamães e familiares que viajaram para acompanhar tinham uma programação legal, à parte, elaborada pelo evento, com visitas a vinícolas, restaurantes e parques – enquanto os jogadores se aplicavam na quadra. Foram oferecidas ainda, para nosso deleite, duas partidas para assistir: Barcelona 2×1 Valencia, no Camp Nou (pelo campeonato espanhol, com Messi, Iniesta e tudo mais); e Barcelona 1×2 Movistar Inter (jogo sensacional assistido em Zaragoza, pela semifinal da UEFA Champions League de Futsal, com o craque Ricardinho, melhor do mundo atualmente, e outros).
![](http://projetochutebol-com-br.umbler.net/wp-content/uploads/2018/05/zaragoza-300x267.jpg)
Voltando às quadras, os treinamentos passados foram proveitosos. Longe de ser algo de outro planeta, o que os espanhóis têm conseguido fazer nos últimos tempos é cultivar uma ideia de jogo, muito bem metodologizada e seguida à risca em suas divisões de base. Os treinadores convidados (eu e meus colegas) ajudavam na execução das propostas, inclusive traduzindo para o próprio idioma se necessário. Aos poucos, a convivência intensa proporcionou, ao menos no meu caso, uma camaradagem legal dentro da quadra, com a delegação de tarefas e trocas de ideias. Gostei de participar, aprender e trocar ideias sobre treinamentos.
A ideia de jogo espanhola (no caso, catalã mesmo) é a conhecida posse de bola e o jogo simples, com dois toques na bola e o essencial – o que eles chamam de busca de linhas de passe. Insisto neste ponto: é algo que sempre fizemos, mas de maneira intuitiva, acreditando que seria algo até mesmo não ensinável. Pois ali a ideia é, exatamente, aguçar no jogador a simplicidade do jogo. Ensinar mesmo, com método. Se o jogador que está com a bola não encontrar um companheiro e um espaço para passá-la, ele errará o passe; ou perderá a bola; ou precisará arriscar o drible, talvez em local não apropriado.
Logo, a intensa movimentação sem a bola e a busca incessante para encontrar espaços por entre os adversários (as linhas de passe) são estimuladas por meio de exercícios diversos, apostando num ponto fundamental: a inteligência do jogador e sua capacidade em tomar decisões. Das menores, aquelas que constroem o jogo, até as decisões fundamentais que decidem uma partida.
![](http://projetochutebol-com-br.umbler.net/wp-content/uploads/2018/05/ricardinho-300x200.jpg)
Do ponto de vista do Chutebol, os treinamentos pareceram de nível bem alto. Em especial para nossas categorias mais novas, até 10 anos, preferimos apostar nas atividades lúdicas, e nos treinamentos em que a criança consiga marcar gols, sem insistir demasiadamente nas linhas de passe. Estamos falando de nosso nível escolar, que é diferente do nível de federações.
Para a molecada a partir dos 11 anos, no entanto, as dinâmicas apresentadas pareceram muito proveitosas na construção, execução e ideia de jogo, digo, uma proposta mais alcançável mesmo ao nível escolar. Nesta fase, aqui no Chutebol, trabalhamos com a ideia de aprofundar o conhecimento e a prática do jogo propriamente dito, os alunos mesmo parecem exigir isso. É natural. Deste mix de informações, com certeza retiramos aprendizagens e ideias para adaptar à nossa realidade.
E quando a bola rolou… bem, na competição da categoria Infantil (até 14 anos), fomos muito felizes: sapecamos 6×0 na Austrália; 6×1 nos EUA; e 2×1 na Espanha, num jogo decisivo com ginásio cheio, muita pressão do adversário no final (duas bolas explodiram na nossa trave, aimeudeus!) e… o título!!
Agradeço aqui à meninada boa que pude comandar e também ao treinador e parceiro Álvaro Cardoso, de Belo Horizonte, que levou para Blanes a base da equipe campeã. Foi muito divertido e emocionante participar desta competição internacional.
No fim das contas, é como perguntei a um dos meninos em sua última refeição antes do torneio: “E aí fulano, tá gostando?” E a resposta: “Claro, ué! Pareço jogador de verdade!!”
Aquele abraço, saudações esportivas
Valeu a torcida!! =)
Obrigada por compartilhar a experiencia. Juntos somos melhores e nos tornamos maiores =)
bjs
Muito bacana! Parabéns, Rodrigo!
Que beleza essa experiência
Rodrigo!
Muito bom, Rodrigo! Obrigado pelo relato e parabéns!