Desempenho?
O futebol infanto-juvenil precisa de cuidado e atenção peculiares, próprios desse momento da vida – em especial nos lugares onde não há objetivos específicos de formação de atletas. A frase tem cara de chavão e realmente é, mas parece forçoso repetir.
Na ânsia de corresponder às expectativas diversas percebidas à sua volta (familiares, professores, mundo virtual), muitos meninos e meninas têm apresentado uma exigência de desempenho consigo mesmo que chega ao ponto de atrapalhar as atividades mais simples e as reações afetivas mais elementares.
Parece que tudo é muito importante, que cada jogada é muito importante, decisiva, a última da história. Se juntarmos a isso uma espécie de gourmetização do futebol, que também tem acompanhado esse caldo hiper-moderno (as poses, o palavrório empolado, o gel, a imagem, a imagem!), fica a sensação que a última coisa que importa é… jogar.
Sim, jogar, perder, cair, levantar, ralar a bunda no chão, abraçar os amigos, esquecer da vida, se divertir, trocar uns empurrões quando necessário, saber levar ou dar uma bronca – enfim, a vida como ela é.
Se tratando de crianças mais novas então, não há a menor graça quando nos deparamos com crianças sérias e carrancudas diante daquilo que já foi tratado como um simples jogo de bola, e que hoje ganha ares de dia D.
Desculpem, não é.
A exigência por desempenho que, não se enganem, a criança absorve, não vem do espaço sideral nem é invenção da cabeça dela; vem de algum lugar muito próximo, próximo até demais, e cabe investigação quando vira drama.
Por parte dos clubes e escolinhas, aliás, é muito ruim quando precisam vender o peixe apostando nos moldes adultos de uma competição com parâmetros irreais, que acaba infernizando a vida de jogadores mirins e seus familiares. A produção incessante de imagens fabulosas não condiz com a realidade da furada, da pixotada, da canelada – a frustração vira um abismo, uma queda vertiginosa.
Não precisa ser. Os adultos (familiares, treinadores, etc) têm o dever de proteger o espaço esportivo infanto-juvenil de tanta bobagem e exigências desmedidas, para que os jogos de bola como o futebol e outro qualquer contribuam com as coisas belas que ali cabem: a amizade, o prazer de jogar, a possibilidade de encarar os desafios à sua maneira.
Deixa o menino jogar, ô iáiá.
Aquele abraço, saudações esportivas
Adorei, Rodrigo! Apoiadíssimo!
Que maravilha, obrigado pelo alerta!