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Espelhos

Estávamos reunidos em equipe, virtualmente claro, para tratar dos assuntos da escolinha como fazemos todas as segundas-feiras. Planejamento, avaliação de atividades, percepção de alunos, relatos de responsáveis e, ainda, uma roda de conversa para desabafar questões dessa interminável quarentena.

Foi quando um pegou o outro sem saber para onde olhava naquela tela com quatro pessoas. Não haveria muito o que questionar numa reunião presencial, mas na virtual, sim: uma das pessoas na tela somos sempre nós mesmos!

O fato de olhar para si mesmo enquanto fala, invariavelmente, trouxe à tona a questão da imagem de si que cada um tem; percebemos que passamos a nos reparar em nossas maneiras, tiques, olhares, estética.

Essa imagem comparece agora estampada na tela e, de alguma maneira, rivaliza com o que imaginamos que somos – ou como nos apresentamos. Entre o que gostaríamos de ver e o que vemos, pode haver uma incômoda distância.

Nos encontros corpo a corpo, téte-a-téte, temos o alívio de não nos vermos, a não ser pelo olhar dos outros – ali nos buscamos. Essa imagem agora refletida, digamos dobrada, pode ter um peso.

Lembramos, assim, que isso deve comparecer como questão para muitas crianças e adolescentes, ora quase que obrigados a enfrentar esse tema para participar de encontros virtuais – muitas vezes sem estar necessariamente entre amigas ou amigos preferidos.

Mesmo que não elaborem essa questão assim, mesmo que não se deem conta, já pode estar comparecendo como sendo invasivo. Ou como um peso: se me vejo assim, como será que me veem?

Essa era uma pergunta que, em tempos pré-pandemia, podia ficar mais reservada, ou mais lá pra trás na memória, no inconsciente, em algum canto da cabeça, enfim. Sendo muitas vezes exigida, pode causar desconforto.

Espelho, espelho meu…

Aquele abraço, saudações esportivas

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