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Potência

Nas últimas semanas, ao reencontrar alunos e alunas em quadra, um tema ficou bastante evidente na conversa entre os professores: a dificuldade motora – e psicomotora – percebida.

Em nossas observações, aliás na de muitos estudiosos e mesmo de familiares mais atentos, tais capacidades vêm sofrendo declínio acentuado ao longo dos últimos anos.

É tema habitual do Chutebol a percepção, mesmo na era ‘pré-smartphone’, de que a perda das ruas para brincar, a agenda lotada e uma excessiva preocupação com a performance acabam por comprometer o amadurecimento do corpo em diversos sentidos.

Os movimentos naturais (correr, saltar, rolar, marchar) têm por base valências físicas (tônus, equilíbrio, força, ritmo, coordenação). Quando falamos, para além destes, no desenvolvimento psicomotor, estamos nos referindo aos aspectos emocionais que têm intima relação com o amadurecimento de tais habilidades, como a confiança, a relação com a frustração e com os próprios limites e o sentimento de liberdade, de possibilidade de agir.

Neste sentido, crianças e adolescentes têm se apresentado frágeis em suas possibilidades psicomotoras. Não em termos de uma habilidade específica do futsal ou qualquer outro desporto, mas na capacidade de apresentar gestos mais finos; dissociar movimentos com leveza; executar propostas simples.

Tal quadro passa a impressão de uma falta de sagacidade para solucionar questões sociais e afetivas ao alcance infanto-juvenil, na relação com os colegas e com suas próprias dificuldades – muitas vezes pela falta de um sentimento de potência. Aí está o ponto.

Cultivar uma relação prazerosa e satisfatória com o corpo é essencial para uma boa saúde psicomotora. Implica em todos os campos da vida de crianças e adolescentes. Não se trata, insisto, de desempenho esportivo, mas de um amadurecimento potencial, natural, que precisa ser facilitado.

Existe um sentimento de potência que brota do corpo, e é preciso investir nele.

Aquele abraço, saudações esportivas

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