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Telê Santana: o Fio de Esperança

Em ótimo texto de João Máximo, o blog Chutebol rende homenagem ao grande Telê Santana, treinador virtuose do futebol que, ao colocar a dignidade e a inspiração ao lado da competitividade foi, sem dúvida, um dos maiores treinadores de todos os tempos!

“Telê Santana é o único técnico a receber a missão de dirigir a seleção brasileira em duas Copas do Mundo, tendo – diferentemente de Zagallo e Parreira – perdido as duas. Pagou caro por isso. Num país onde ser campeão do mundo é quase obrigação, só muito depois de suas experiências mal-sucedidas na Espanha, em 1982 e no México, em 1986, obteria o reconhecimento de ser, tanto quanto os melhores, um mestre em seu ofício.

Mal sucedidas? Antes, é preciso lembrar o que foi a seleção que ele dirigiu na Espanha, para então indagar se, ao menos nela, Telê e seus comandados fracassaram. Lembrar, por exemplo, que que ao chegar para a entrevista coletiva após a partida em que a Itália eliminou o Brasil, em Barcelona, técnicos e representantes da imprensa internacional o aplaudiram de pé. Quer dizer, enquanto o torcedor brasileiro chorava a derrota, o mundo saudava Telê como se a agradecer pelo futebol que sua seleção jogara.
Ainda hoje se discute aquela seleção. Na verdade, mais hoje do que há 30 anos. O que já não se discute é o papel que Telê representou no futebol brasileiro, não só nas duas Copas perdidas, mas sobretudo nas vitórias que obteria como treinador do São Paulo: dois títulos intercontinentais (para nós, mundiais), que valem mais por sua filosofia de trabalho do que pelos troféus que enfeitam as vitrines do Morumbi.

Telê Santana da Silva (1931-2006) era um adolescente, desses de colecionar álbum de figurinhas e fotos com times posados, quando o Fluminense foi fazer um amistoso em São João Del-Rei, Minas Gerais. Jamais esqueceria a emoção que sentiu ao ver Castilho autografar a foto que ele, Telê, lhe levara no hotel em que a delegação tricolor se hospedava. Viera de sua Itabirito natal só para ver o Fluminense, naturalmente sem imaginar que um dia, e por quase dez anos, jogaria no time do ‘maior goleiro de todos os tempos’, como sempre se referiria a Castilho. Na ocasião, Telê era o centroavante do juvenil do Itabirense, de onde sairia para jogar no América de São João. Em 1950, teve passagem pelo Botafogo antes de chegar às Laranjeiras. (…) Tão magro e tão bom de bola que era que a torcida tricolor deu-lhe o apelido de ‘Fio de Esperança‘.

(…) Criaria entre seus comandados, como treinador, a mentalidade profissional que fazia da vitória, não a única meta a atingir, mas o resultado justo do trabalho bem feito. Seus jogadores aprenderam com ele o quanto era importante jogar um futebol inspirado nas virtudes de cada um (…). Se em 1982 houve quem fizesse piada dessa filosofia, (…) o técnico fazia do que se chamou a ‘Era Telê‘ uma formidável unanimidade.”

[Adaptado de ‘Palmas para o cavaleiro da esperança‘ – João Máximo, O Globo de 25/9/2012]

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