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Xavi e o adeus da Espanha

Caros (as),

A multicampeã Espanha foi-se embora da Copa do Mundo bem cedo, e muitos ficaram se perguntando os motivos. Segue abaixo ótimo texto de Guilherme Plenzuela, do site UOL. A íntegra no link: Xavi e a Espanha – UOL
Boa leitura!

[Xavi: o craque dos passes e da elegância]

“Ferenc Puskás, Johan Cruyff e Xavi Hernández. Cada um personifica um estilo que, em determinado momento da história, se sobressaiu e dominou o futebol mundial. A escala, cronológica, representa também uma evolução. Não haveria Xavi se não fosse a Holanda de 1974 de Cruyff. E não haveria Cruyff se não fosse a Hungria da década de 1950, regida por Puskás. É tanta a importância histórica do trio para o futebol que as equipes em que atuaram se tornaram reféns de cada um. Retrato da seleção espanhola na Copa do Mundo de 2014 – uma eliminação com um Xavi ultrapassado, com o tiki-taka estraçalhado no campo e com a certeza de que aquela história que o meia do Barcelona iniciou em 2008 agora está encerrada.

Xavi é daqueles jogadores dos quais só se compreenderá o tamanho daqui a alguns anos. Aquela Hungria do Puskás. Aquela Holanda do Cruyff. Aquela Espanha do Xavi. É só 1,70m em campo. Pouca presença física, sem velocidade, agilidade, força, dribles desconcertantes, mas com uma capacidade de compreensão de jogo única e precisãotécnica cirúrgica. E mesmo assim demorou para que ele tivesse os primeiros momentos de glória. A história de Xavi e do tiki-taka se misturam completamente. Xavi é o tiki-taka, e a Copa de 2014 denuncia que o tiki-taka é Xavi. Aquela história da equipe que se torna refém de um jogador…

(…) A temporada de 2008-2009 foi, indiscutivelmente, a melhor da carreira de Xavi. Nasceu para o mundo. O tiki-taka estava embalado em um rótulo com sua face e a de Guardiola. As ideias de um eram executadas pelos pés do outro. Xavi, Barcelona e Espanha começaram, então, a se misturar. O técnico da seleção agora era Vicente Del Bosque, e a filosofia de jogo envolvente, de passes curtos e total domínio da posse de bola, estava impregnada. Se aquilo dava tão certo no Barcelona, bastava convocar os espanhóis comandados por Guardiola que o sucesso se repetiria na seleção.

Bastou. O sucesso se repetiu na Copa do Mundo de 2010. A Espanha foi um Barcelona sem o argentino Lionel Messi. Marco histórico para um país que, à época, estava assolado pela crise financeira, com índice assustador de desemprego. País marcado por históricos movimentos separatistas, na Catalunha, de Xavi, e no País Basco. País com uma monarquia meramente ilustrativa. País sem tanto nacionalismo, por tanta desunião e instabilidade política, mas que teve no futebol um momento para celebrar em conjunto. O que eles faziam em campo, com a bola nos pés, virou modelo. Eram os melhores do mundo no futebol após décadas de fracasso. Tudo por conta de Xavi e um novo estilo de jogo, instaurado dois anos antes por Aragonés.

(…) A decadência física começou a afetar o futebol de Xavi na temporada passada, 2012-2013. Fez 48 jogos pelo Barcelona. Foi substituído 11 vezes, e em outros sete jogos saiu do banco de reservas. Na última temporada, 2013-2014, o número de saídas aumentou na mesma proporção que o futebol do Barcelona desapareceu. Xavi jogou 47 vezes e só terminou 30 partidas. Pela primeira vez em anos, ele foi criticado, assim como o Barça. Onde estava o substituto de Xavi? As categorias de base do Barcelona, que trabalham pela autossuficiência e são reconhecidas como as melhores do mundo, não foram capazes de criar um jogador que pudesse ocupar o lugar de Xavi quando ele parasse de jogar? Claro que não. Assim como não houve substituto de Puskás ou de Cruyff. Apenas escudeiros, de mesmo nível e compreensão. Andrés Iniesta, para Xavi, e Johan Neeskens, para Cruyff.

Xavi e o tiki-taka duraram 90 minutos na Copa do Mundo de 2014. Foram destruídos pela Holanda de Louis Van Gaal na Arena Fonte Nova, em Salvador. Talvez lá fiquem sepultados. O meia, aos 34 anos, não conseguiu reproduzir seus melhores momentos, assim como não conseguiu durante os últimos 12 meses pelo Barcelona. Viu o jogo que criou ser massacrado em campo: 5 a 1, com requintes de crueldade, falhas individuais e a velha impotência da Espanha pré-2008.

(…) A Hungria que se tem notícia é aquela de Puskás, e nada mais. A Holanda que ficou famosa é aquela de Cruyff. Só não houve outra porque Xavi afundou a versão moderna em 2010. E a Espanhaque provavelmente se terá notícia pelos próximos anos é a de Xavi. Porque, como ele disse, foi em 2008 que a Fúria trocou a fúria pela bola. E agora, devolve à bola a fúria – Xabi Alonso justificou o fracasso: ‘respondemos com o coração, e não com a cabeça’. Porque a cabeça não está mais em campo.”

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