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Cornetando mais uma

Caros,

A Copa do Mundo segue seu rumo e, pra não dizer que não falamos das flores, segue mais uma cornetadinha. Ah, aliás e a propósito ‘cornetar‘, pra quem não sabe, é como os boleiros se referem a  quem fica dando palpite… Donde conclui-se que praticamente todo brasileiro é um corneteiro. Tentaremos ao menos afinar a nossa corneta com elegância.

[Neymar: a dor do craque como narrativa heróica]
A Seleção enfrenta a Alemanha amanhã e, como se sabe, o time alemão é fortíssimo – desde antes da competição candidato ao título. Só que tem uma coisa: o favoritismo, num jogo entre equipes desta grandeza, só vale até a bola rolar. A partir daí (e a história do futebol é farta em comprovações) há espaço para acontecer simplesmente qualquer coisa. Jargões do tipo ‘o jogo só acaba quando termina’, ‘futebol é onze contra onze’, etcetc ganham um peso mítico nestes momentos. Então tem jogo pra nós, sim!
O escrete canarinho vai se valer, evidentemente, da mudança de postura apresentada na última partida; da coragem pedida por muitos e por nós, aqui neste modesto espaço; da vibração da torcida, de uma certa narrativa heróica para representar à altura a dor de perder o craque Neymar. Tudo isso é combustível, não duvidem. Quem já viu um pouquinho de futebol pode respaldar.
Esta realmente não é a Seleção dos sonhos do torcedor brasileiro. Mas algo que tenho aprendido ao longo dos anos é o seguinte: futebol se ganha de várias maneiras. Felipão tem um determinado estilo, tem mesmo uma concepção de futebol que não agrada a muitos. Mas pegou uma equipe com muito pouco tempo para montar e tem seus méritos. Creio que o Brasil está na média desta Copa e, como uma vez disse até o Zico, quando não dá pra ser na bola pode ser de canela, mesmo. Isso é do futebol.
Outra discussão é o porque de não termos mais uma legião de craques disponíveis, um futebol ofensivo e vistoso. Isso é algo muito mais profundo e é obrigatório pensarmos sobre o que queremos do nosso futebol, algo tão importante pra nós. Os profissionais envolvidos têm realmente muitas questões a responder. Mas agora não é hora disso: agora é hora de ripa na chulipa e pimba na gorduchinha, correr atrás da bola como dum prato de comida – bola pro mato que o jogo é de campeonato e vamos lá!!
***
E a Argentina, hein? Conversando com alguns portenhos e andando com os ouvidos abertos por aí, percebo a dimensão do que esta Copa significa para eles. Estão, mais do que nunca, desgovernadamente apaixonados. Falam da grandeza de enfrentar o Brasil numa final. Engraçado, creio de verdade que a rivalidade deles contra nós é muito maior do que daqui pra lá. Uma prova disso é a quantidade de músicas da torcida que falam do Brasil, de Pelé, de Maradona… Como que reconhecendo a grandeza brasileira (não que nosso futebol, o jeito que jogamos seja superior ao deles; mas temos cinco Copas do Mundo, isso é a História que diz), precisam todo o tempo se afirmar e provocar, como que pedindo a chance de provar que também são bons. Claro que são, sempre foram.

[Paixão em Brasília: do lado de fora do estádio, segue o baile!]

Estive em Brasília para assisti-los derrotar a Bélgica nas Quartas-de-Final e achei isso meio infantilóide, digo, o excesso. Eles simplesmente não param de falar e gritar sobre isso. Como se a Copa não valesse por si, mas fosse na verdade uma medição de forças quase que exclusivamente contra o Brasil. Não vejo a torcida brasieira assim. Nunca tive isso, nem meus amigos de estádio. Mas enfim, também é do futebol e foi um espetáculo infernal ver e ouvir sua apaixonada torcida cantando e vibrando… Daí que, quando alguns amigos brazucas me diziam ter um medinho de pegá-los na final (e perder), pensei o contrário: que nada, podem vir quentes que estamos fervendo!!

Aquele abraço, saudações esportivas

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