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É Carnaval!

Prezados (as),          “Progresso não significa andar cada vez mais rápido”
                                                                                         (Mahatma Gandhi)
O Carnaval vem aí. Na verdade, já está – ao menos, no Rio. Claro, é aquela velha história: quem é de pular, vai pular; quem não é, se esconde, se refugia. Contorna. Sem drama quanto a isso. Mas e a molecada? Bem, a molecada não pode fugir à regra – ao menos, na teoria, depende do espírito dos pais neste sentido, do que a família vai fazer e como costuma se programar durante o Reinado de Momo. A criança segue a dinâmica da família. Mas deem (sem circunflexo no primeiro ‘e’, o que ainda estranho deveras) uma olhada na charge abaixo:
1980. Eu nasci em 1980. Adianto que as linhas que se seguem serão curtas, e prometo não fazer sessão-nostalgia. Mas eu me lembro da pracinha lá em Santa Teresa. Do Largo das Neves, do Curvelo, passando pela Odylo Costa ali na Rua Àurea, aonde o coro comia e os campeonatos de pelada aconteciam. Muito bem, mas por que todo este introito (sem acento, também não me acostumo)?
Porque me ocorreu que uma palavra que designa o que fazer no Carnaval é ‘brincar‘. As pessoas, adultos e crianças, podem, se assim desejarem, brincar o Carnaval. E o brincar é uma atividade natural do ser humano, natural não no sentido da biologia – mas uma atividade psicomotora construída, afirmada pela cultura com tamanha necessidade e naturalidade no fazer infantil que hoje, seguramente, podemos dizer que o brincar é algo que dá sentido à vida da criança, encaminha suas questões e a ajuda a elaborar seus medos e anseios. Os pequenos grandes dramas do mundo infantil.
Daí que gente grande como Freud, Winnicott, Dolto, Lapierre, Aucouturrier e tantos outros não só atribuiam a noção fundamental desta atividade para o desenvolvimento infantil, como puderam sustentar a brincadeira do adulto como essencial para sua saúde – física e mental. As pessoas podem adoecer por excesso de loucura – ou excesso de realidade, diziam muitos dos bons citados aí acima. Daí que a brincadeira do adulto pode ser – ou não – a mesma de quando era criança. Mas a capacidade de acessar alguma ilusão (no melhor sentido do termo, não de ‘se enganar’), de viver a criatividade, de mover o corpo sem mecanizações, de fazer algo simplesmente pelo prazer e pela alegria – de fazer. Winnicott dizia, numa de suas célebres frases, que “brincar é fazer“. Mas um fazer de corpo e alma.
Então, voltando à charge lá de cima: acredito que ainda estamos muito embasbacados com a tecnologia. O mundo atual dos ‘touch’, de tamanha largura digital, não tem mais de uma década. Deixando de lado o ceticismo que me apraz, preciso, para trabalhar, seguir acreditando que reaprenderemos a usar a tecnologia como ferramenta, e não virarmos servos dela. Sem endeusar o passado, apenas uma reflexão. Uma crítica que julgo pertinente.
Queridos, é Carnaval. Vamos brincá-lo. Na multidão ou na casinha da viagem com os amigos. Vamos dar uma força aos pequenos. Quando eles têm essa chance, costumam se lambuzar. E isso fica pra vida toda.
Aquele abraço, saudações esportivas

This Post Has 18 Comments

  1. Querido Rodrigo:

    parabéns pela coragem de realizar um trabalho criativo que integra tantos conhecimentos e experiências de vida.

    Sucesso! e obrigada pela alegria…

    Maria Inés Saadi de Tozatto

  2. Rodrigo,

    nossos filhos adoram brincar correr atrás da bola. Infelizmente isso não é sinônimo de aulinha de futebol hoje em dia!!!

    Nosso filho mais velho, Rafael, ficou alguns meses na fila de espera de uma escolinha de futebol, ancioso por começar! Então, um dia, esse dia chegou! Meião, chuteira, e lá estava ele feliz da vida!!!

    Poucos meses depois, notamos que seu entusiasmo já não existia, começava a pedir pra sair do futebol. Ponderamos, conversamos e ele acabou ficando mais um pouco. Mudei os horários das minhas aulas um dia para poder vê-lo no futebol…e aí percebi claramente porque ele não queria mais fazer parte daquele grupo. Precisamos ter ouvido pra ouvir o que a criança não fala, mas demostra com seu estado de espírito.

    Algumas crianças tem fome de bola. Não acho isso ruim de forma alguma. São crianças que correm muito, vibram muito e parecem estar em todos os lances, mesmo naqueles que acontecem do outro lado do campo. Mas não cabe numa aula normal esse temperamento criar um grau de exigencia e uma tensão desnecessárias em todo o grupo. Ao assistir a aula vi meu filho perder a bola para uma criança do time oposto e, imediatamente ao lance, veio uma criança do time do meu filho colocar as mãos no rosto dele e sacudir sua cabeça ferozmente enquanto reclamava gritando por ele ter perdido a bola. Isso aconteceu no meio do campo, nas barbas do professor! Sabe o que foi feito? NADA!!! O jogo continuou normalmente. Aquela foi a última aula do meu filho naquele grupo! Fiquei indignada com a omissão do professor e pensando o que mais deve ter acontecido já que meu filho vinha pedindo pra sair a algum tempo. Pra piorar nossa indignação, somos seus colegas de profissão e acreditamos cegamente na educação pelo movimento, através do desporto. Ficamos nos perguntando que tipo de valores estão sendo transmitidos ali, sem que palavras precisem ser ditas. Onde fica a conduta ética e os valores que buscamos ensinar aos nossos filhos desde pequeninos?
    Desde então começamos a procurar por uma coisa que eu já achava não existir mais…uma escolinha de futebol onde o foco fosse essencialmente a criança. Um lugar onde nossos filhos pudessem sim receber os fundamentos do futebol, com suas regras e condutas, mas com espaço para errarem e que isso não fosse o fim do mundo.

    Quando recebi seu telefonema avisando que haveriam vagas para os dois, meu filho menor ficou empolgadíssimo, mas o Rafael disse que topava fazer só uma aula experimental e que não sabia se iria gostar.

    No primeiro dia de aula dos meninos no Chutebol vi meus filhos serem introduzidos ao grupo numa roda onde eles foram apresentados e se sentiram incluidos. Vi meus filhos correrem atrás da bola com alegria. E fui brindada com o Rafael pedindo pra ficar com um enorme sorriso no rosto! Estamos todos, família e crianças, muito felizes por estarmos fazendo parte do Chutebol e estamos adorando receber seus artigos sobre educação infantil!

    Grande abraço,

    Patricia e Dilton (pais do Rafael e Rodrigo Andrade)

  3. Gostaria de aproveitar para solicitar o cadastro do meu e-mail nas newsletters e textos que vocês enviam, e elogiar o trabalho que vocês tem realizado. O Pedro esta muito feliz e gosta muito das aulas.

    Abraço,

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