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Futebol na sala?

Durante a quarentena, que chega aos dois meses, os profissionais ligados à educação física e esportes buscam se reinventar, assim como as famílias e, claro, crianças e adolescentes.

A rotina, a adaptação do espaço, os materiais, a preguiça ou a motivação, tudo entra noutro registro, noutro modelo, descobrem-se novos sentidos para as práticas.

Professores precisam, num curto espaço de tempo, transformarem-se em apresentadores, repórteres, operadores de vídeo e áudio, criadores de conteúdo. Acredito que uma parte disso já estava em andamento, mas a chegada abrupta do futuro impactou a todos nós.

No caso do futebol infantil, particularmente aqui no Chutebol, sentimos especial dificuldade pois nossa aposta, nossa identidade, foi edificada na socialização, no corpo a corpo, na brincadeira e na coisa lúdica – muito menos no desempenho/performance.

Assim, temos tentado caminhar aos poucos, tateando no escuro na medida em que a aderência às atividades físicas têm sido muito maior na malhação individual, que é justamente o caminho oposto ao que temos traçado (‘malhação individual’ versus ‘brincadeira com amigos’).

Chegam até nós relatos de alunos e alunas que começaram fazendo as atividades que postamos nas redes sociais e que, depois, desistiram. Uns, até mesmo, demonstrando raiva ou desprezo.

Imaginei como se sente um menino ou menina que, subitamente, teve o campo de futebol subtraído de sua vida. Eu nunca passei por isso na minha infância.

Estou tentando dizer que essa desistência em realizar as atividades propostas, para além de ficar com preguiça, achar chato ou algo assim, pode denunciar uma revolta muito natural e até benfazeja, na medida em que o sujeito pode se dar conta do que perdeu, do quanto ama aquilo que perdeu agora, e o quanto ‘aquilo’ é insubstituível.

É, de alguma maneira, estar em contato com seus afetos mais genuínos.

Este foi um assunto que me pareceu importante apresentar: em algum recanto de seu mundo interno, pode haver essa revolta que não sai em palavras ou atos, e tanto melhor recebê-la com este entendimento.

Talvez, num próximo passo e com um empurrãozinho, o aluno ou aluna consiga acessar alguma resignação e dar uma “malhada com bola” em frente à telinha.

Nós continuamos nos esforçando e buscando conteúdos e ferramentas.

Aquele abraço, saudações virtuais e esportivas

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