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Jogar

Nas aulas destes tempos, ainda que sem uma partida de futsal propriamente dita, tem chamado a atenção a necessidade e a importância da realização de jogos, da atividade infantil essencial de jogar.

O futsal em si, como conhecemos, está interditado temporariamente por conta do contato e da exposição excessiva frente à frente – o que não significa que não estejamos jogando. Sim, estamos, ainda que outros jogos.

Jogar é um elemento fundamental no processo do amadurecimento emocional. Implica um confronto consigo mesmo e com as outras pessoas, com a outra equipe, bem como uma espécie de adaptação às diversas condições ambientais (temperatura, condição física, habilidades motoras, leitura do movimento do oponente etc).

Sendo uma realidade particular, o jogo possui elementos próprios em sua organização que remetem à fantasia, às encenações, a um certo drama humano – mas não pode abrir mão de dialogar com a realidade objetiva e o acaso, às vezes bastante cruéis para quem joga.

Uma bola na trave, um erro de cálculo motor demasiado humano, uma interpretação do juiz, abrem margem para contestações e confrontos necessários, que vão encorpando as experiências de vida do sujeito.

O jogo corporal, ainda mais em grupo (na dependência de outros atores), quebra constantemente o sentimento de onipotência que todos nós carregamos e que julgamos, nas plataformas virtuais, darem conta da realidade. Não dão.

É muito diferente sentir raiva da máquina do game (e de si), revoltar-se contra um familiar num jogo de tabuleiro; tudo isso faz parte. Mas encarar uma turma e ver a si mesmo nos olhos diversos de um grupo de futebol ajuda a regular a relação com a realidade – e ajustar a imagem de si e suas possibilidades num nível mais real.

Nessa volta às quadras tem sido muito rico constatar como muitas crianças e adolescentes pareciam com seus monstrinhos adormecidos ou ensimesmados e, diante da possibilidade de contestar uma arbitragem, lidar com o gesto imperfeito do amigo e, claro, com o seu, reavivam o essencial da condição humana: a imperfeição.

Oh, céus, que fazer com ela?!

Jogar.

Aquele abraço, saudações esportivas

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