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Histórias Fantásticas de Futebol (9)

Chuvas

Fazia muito tempo que ele não via os amigos. Estava em casa há semanas, há meses, como muitos na cidade.

A mãe estava preocupada.

“Ele está muito triste, não fala nada, mas eu sinto que está.”

E a vida seguia, seguia com saudades de outra vida que tinha ficado para trás.

***

Os dias caminhavam lentamente, o rapaz cumpria suas atividades.

A mãe não se enganava.

“Dá pra ver pelos olhos, os olhos parecem pesados, carregados de alguma coisa.”

***

Chegou então o dia, o dia em que poderia reencontrar os amigos.

Reencontrar o suor do corpo, o trabalho dos pulmões, a força muscular do coração.

Foram jogar futebol.

***

No exato instante em que a bola rolou naquele campinho armou-se, no céu, uma chuva.

Que caiu.

O campo encharcava, a bola pesava, os meninos corriam.

***

Quanto mais chovia, mais eles jogavam.

Os olhos do menino esvaziavam.

E perdiam peso.

E ganhavam leveza.

***

Os meteorologistas dos jornais não sabiam explicar a origem daquela chuva, imprevista.

Quando o menino chegou em casa e olhou nos olhos da mãe, ela descobriu.

 

(de Rodrigo Tupinambá Carvão)

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