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Sobre o Brincar

O brincar tem um lugar e um tempo. (…) Há que fazer coisas, não simplesmente pensar ou desejar, e fazer coisas toma tempo. Brincar é fazer. Em outros termos, é a brincadeira que é universal e que é própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde; o brincar conduz aos relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação na psicoterapia (…). O natural é o brincar (…).

É bom recordar que o brincar é por si mesmo uma terapia. Conseguir que as crianças possam brincar é em si mesmo uma psicoterapia que possui aplicação imediata e universal, e inclui o estabelecimento de uma atitude social positiva com respeito ao brincar.

Essa atitude deve incluir o reconhecimento de que brincar é sempre passível de se tornar assustador. Os jogos e sua organização devem ser encarados como parte de uma tentativa de prevenir o aspecto assustador do brincar. Pessoas responsáveis devem estar disponíveis quando crianças brincam, mas isso não significa que precisem ingressar no brincar das crianças. Quando o organizador tem de se envolver, numa posição de administrador, ocorre então a implicação de que a criança ou crianças são incapazes de brincar no sentido criativo que pretendo expressar nessa comunicação.

A característica essencial do que desejo comunicar refere-se ao brincar como uma experiência, sempre uma experiência criativa, uma experiência na continuidade espaço-tempo, uma forma básica de viver.”

(Adaptado de ‘O Brincar & a Realidade, D. W. Winnicott, 1975)

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O texto acima me pareceu apropriado pra gente poder analisar de forma mais crítica o pouco tempo livre que tem sido destinado às crianças hoje. Seja na escola, no shopping, na casa de festa infantil e mesmo nos parques, o mais comum é ver crianças tendo sua relação mediada por adultos incessantemente sem, ao menos, dar-lhes a chance de estabelecerem uma comunicação direta, criança-criança, igual se fazia quando a rua era um espaço próprio pra brincar tranquilo.

É por isso que, lá no clube, a aula começa com um ‘tempo livre’, aonde as crianças brincam como querem dentro das regras básicas (cuidar de si, dos outros e das nossas coisas); ali, estabelecem uma comunicação direta, criam e se socializam. Os adultos professores ficam observando em estado de atenção flutuante, exatamente para poderem administrar o tal aspecto assustador do brincar no texto acima – que é quando a criança se sente um pouco intimidada e se retrai. Até que, mediando a ação com o professor, ela vai se soltando.

Quem passa por ali, vê e não conhece, deve pensar: “que bagunça!”. E é mesmo, da boa, daquelas que lava a alma e dá vontade de não parar. Satisfeitas as nossas vontades brincantes, aí sim, podemos começar a treinar…

Aquele abraço, saudações esportivas

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A charge abaixo é do nosso amigo e aluno Diogo Infante (11 anos) que, inconformado com o jejum de gols do artilheiro tricolor Fred, resolveu brincar um pouco com a situação. É só dar um clique pra ver em tamanho aumentado. Quem tiver dessas, pode mandar que eu posto aqui, ok?
Valeu, Diogo!

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