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Vôlei: Trocas

Chega o horário da aula juvenil – os alunos, ansiosos pelas nossas terças e quintas, já estão na arquibancada com a garrafa d’água nas mãos. A professora faz o chamado: “Bora, galera das cinco!”. Entram em quadra pegando as bolas para o rotineiro bate-bola de aquecimento, na maioria das vezes realizado em duplas.

Como costuma acontecer, a dupla de terça no aquecimento é a mesma de quinta; e a de quinta, a mesma da semana seguinte. Esse processo é natural da gente, quem não quer bater bola com quem tem mais afinidade? A professora nota e entende que, além da clara importância técnica e de controle de bola que há nesse início de aula, é quando meninos e meninas ficam cara a cara, olho no olho de maneira mais espontânea: é um momento rico em trocas afetivas que favorecem a socialização.

Após o controle de bola de toque e manchete, já tendo partido para o ataque defesa em dupla, a professora diz: “Segurem a bola! Todo mundo agora roda pra direita e segue o aquecimento!”. Os alunos rodam (mudam de lugar) e, quando percebem, estão de frente para uma outra dupla, não mais aquela que escolheram por afinidade.

Nas primeiras vezes, se isso soa meio estranho, duas aulas depois é possível escutar: “Qual é o seu nome mesmo?”; “Você estuda lá, também?”; “ Já te vi andando na rua aqui pelo bairro”; ou ainda “Ah, eu também conheço o fulano!” .

Pronto! Uma simples mudança e as possibilidades se multiplicam. Não há um aluno que não tenha trocado uma ideia com alguém que, inicialmente, não tinha tanta afinidade. O processo acontece naturalmente após um empurrãozinho da professora.

E olha só que bacana: deixamos de ser ‘alunos de vôlei’, somos uma turma da Levante! Vamos construindo uma identidade como grupo. Observamos, logo, alterações no comportamento durante os jogos na última parte das aulas: “Boa, amigo!” , “Deixa comigo essa fulano, que eu te ajudo” , “ Eu errei, vem me ajudar !” , “ Caramba, como você melhorou!”.

Parece mágica, mas são trocas.

(Por Luana Bouzon)

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